Débora Rubin e Geovana Pagel
São Paulo – A indústria de máquinas e equipamentos é um dos maiores setores da economia brasileira. Formada por 4 mil empresas, gera mais de 200 mil empregos, tem um faturamento de R$ 50 bilhões por ano e exporta algo em torno de R$ 20 bilhões – é o segundo colocado no ranking dos principais exportadores de manufaturados do país. No total, são 27 segmentos que englobam desde produtores de máquinas agrícolas até máquinas para a indústria têxtil. Do total de empresas, 60% são de pequeno porte, 30% de médio e 10% são grandes. A maioria está concentrada no Sudeste e Sul do país (78%). E 80% do capital é nacional.
É um gigante. Forte, exportador e competitivo. No entanto, desde o ano passado, o setor vem sofrendo um dos maiores baques de sua história por causa da super valorização do real, que começou no segundo semestre de 2004. Com o dólar lá embaixo, os empresários viram as exportações caírem. Se as estimativas forem confirmadas e o setor exportar US$ 9,2 bilhões até o final do ano, vai representar um crescimento de 7% em relação aos US$ 8,6 bilhões exportados em 2005. Bem menor que os 25% registrados em 2005 em relação a 2004.
Na mão contrária, a invasão chinesa aumentou. Em alguns segmentos, fabricantes abandonaram a produção e passaram a se dedicar apenas à importação. "Não vimos empresas fecharem as portas em massa como aconteceu entre 1997 e 1998, quando mais de 200 indústrias fecharam. Mas já vimos esse filme antes. Se continuar desse jeito, o setor vai ter problemas no ano que vem", diz Newton de Mello, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
A boa notícia é que o otimismo impera. Para os empresários, a tendência é que, independentemente de qual será o novo governo, a política de câmbio deve mudar em breve. A expectativa é de que em 2007 o quadro se reverta e o setor volte a crescer. O melhor desempenho do setor nos últimos dez anos foi registrado em 2004. Naquele ano, o setor atingiu um faturamento de R$ 45,613 bilhões, 30% a mais que os R$ 35,1 bilhões faturados em 2003.
Os altos e baixos impostos pela flutuação do câmbio são superados pelos investimentos em modernização feitos pelos empresários, sobretudo em tecnologia. Os empresários do setor sabem que para competir com os grandes produtores de máquinas, como os alemães e americanos, é preciso inovar.
Entre os segmentos mais avançados tecnologicamente estão os de máquinas-ferramenta, as agrícolas, as máquinas para corte de madeira, as para alimentos, entre outras. Há empresas que investem pesado em tecnologia como a brasileiríssima Romi, de máquinas-ferramenta, e a multinacional americana Massey Ferguson, do grupo AGCO, de máquinas agrícolas. Por outro lado, as pequenas empresas podem contar com programas de incentivo do governo que subsidiam programas de inovação. A própria Abimaq conta com um departamento que só cuida dos assuntos relativos à tecnologia.
A crise do câmbio e as boas perspectivas para 2007, assim como os investimentos em tecnologia, o crescimento das exportações e as novidades do setor, estão nessa série especial sobre o setor de máquinas produzida pela ANBA. No link abaixo, um pouco da história do setor.