Da redação
São Paulo – A Ambev (Companhia de Bebidas das Américas) e o grupo belga Interbrew anunciaram nesta quarta-feira (3) uma aliança global de suas operações com a criação da Interbev, a maior cervejaria do mundo em volume de produção. A Interbev irá fabricar 19,2 bilhões de litros, o equivalente a 15% da produção mundial de cerveja.
A união dos dois grupos foi resultado de uma permuta de ações e, de acordo com o presidente do Conselho Deliberativo da Ambev, Victorio de Marchi, o controle da nova companhia será dividido em partes iguais, com ações distintas negociadas nas bolsas de valores. O negócio entre os dois grupos, para ser concretizado, terá de ser ainda aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Os detalhes do acordo de acionistas, que prevê poder de mando igual para ambas as partes, independentemente do número de ações nas mãos de cada uma delas, foram finalizados por volta das 3 horas da marugada (horário do Brasil) de quarta-feira (3) na Bélgica, segundo informou à ANBA uma fonte da Ambev. Tal contrato terá prazo de validade de 20 anos renovável por mais 20.
Segundo informações do Globo Online, a operação envolve troca de ações e ativos entre os grupos. Pelo lado da Ambev, os investidores Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, detentores de 52,5% do capital votante da cervejaria brasileira, passarão a ser acionistas da Interbrew.
Já a empresa belga passará a ter, isoladamente, o controle acionário da Ambev, com aproximadamente 57% do capital votante.
O restante das ações continuará nas mãos da Fundação Antonio e Helena Zerrenner (que não participará da troca de papéis com a Interbrew).
As agências internacionais informam que o presidente-executivo da Interbrew, John Bock, disse que pagará 9,2 bilhões de euros pela troca de ações que lhe dará participação acionária na Ambev e possibilitará a criação do novo grupo.
Essa incorporação deve demorar ainda entre seis a oito meses, estima Victorio de Marchi. O executivo negou tratar-se de uma venda da Ambev para a Interbrew, mas confirmou que no processo a empresa belga deterá 57% das ações, informa a repórter Marli Moreira, da Agência Brasil.
A Interbev nasce com 70 mil funcionários, unidades em 32 mercados, uma produção de cerca de 19,2 bilhões de litros por ano e um faturamento anual de quase US$ 11 bilhões.
"A criação da maior cervejaria do mundo em volume de produção estabelece uma plataforma industrial sem paralelos, com impacto na redução de custos e no compartilhamento das melhores práticas gerenciais entre as suas organizações", assegura a Ambev.
Para as três Américas, as operações da nova empresa serão comandadas a partir do Brasil, e a Bélgica responderá pelas atividades da companhia na Europa e Ásia.
"É o coroamento da estratégia de internacionalização da Ambev", assegurou Victorio de Marchi.
Em sua opinião, uma aliança desse porte, envolvendo uma empresa brasileira, foi possível graças à credibilidade que o país possui no exterior e o potencial da economia e do mercado consumidor brasileiro.
Posição reforçada
Segundo o presidente do Conselho Deliberativo, a aliança global firmada entre a Ambev e a Interbrew reforça a posição das duas companhias em seus respectivos mercados.
Marchi citou o fato de que o negócio vai assegurar, por exemplo, para a marca Brahma – que será uma das três marcas globais da Interbev – a entrada no mercado consumidor dos Estados Unidos, além de ingressar no Canadá, México e Cuba. Isso será possível porque a empresa vai incorporar a canadense Labatt.
O presidente do Conselho Deliberativo da Ambev lembrou que pela primeira vez uma cerveja brasileira, a Brahma, será vendida no mundo inteiro, abrindo mercado para outras marcas, principalmente o guaraná Antarctica.
A belga Stella Artois e a alemã Beck`s são as outras duas marcas mundiais da Interbev.
Já para o grupo belga, a terceira maior cervejaria do mundo, com venda em 140 países, a vantagem da aliança global é que ela permitirá a entrada de seus produtos no maior mercado latino-americano, que é o Brasil.
Os brasileiros consomem anualmente quase 9 bilhões de litros anuais de cerveja, o que corresponde a 48 litros per capita.
A Ambev detém 65% do mercado cervejeiro brasileiro e é a quinta cervejaria do mundo. No ano passado, a Ambev teve receita de R$ 8,7 bilhões, cerca de US$ 3,1 bilhões. O lucro líquido da Ambev atingiu R$ 1,411 bilhão em 2003, segundo anúncio feito nesta quarta-feira (3) pela cervejaria.