Da redação
São Paulo – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou a ontem liberação de US$ 63,9 milhões em financiamento para as empresas Seabulk Offshore do Brasil Ltda e Skannor Offshore Ltda. O dinheiro possibilitará que as empresas adquiram três navios produzidos por estaleiros nacionais.
De acordo com a assessoria de imprensa do BNDES, as embarcações destinam-se ao apoio à exploração de petróleo em plataformas marítimas da bacia de Campos. Os financiamentos, com recursos do Fundo de Marinha Mercante, faz parte da estratégia do banco e do governo federal para a revitalização da indústria naval brasileira, um segmento que chegou a empregar cerca de 40 mil trabalhadores na década de 1970, a maioria deles no Estado do Rio de Janeiro.
O setor foi totalmente desestruturado durante a abertura comercial promovida no início da última década. Há quatro anos, os empregos nos estaleiros fluminenses estavam reduzidos a 500 postos de trabalho, segundo estimativas do governo estadual, que prevê que até o final de 2004 o setor deverá estar empregando cerca de 16 mil pessoas.
Com os recursos liberados ontem pelo BNDES serão criados cerca de 550 postos de trabalho, durante a construção, e mais 80 na fase de operação dos navios. No ano passado, o BNDES apoiou a construção e a comercialização de 24 novas embarcações no país, com financiamento de R$ 1,3 bilhão.
Uma das empresas, que receberão parte dos recursos BNDES, empresa Seabulk Offshore, de origem norte-americana,por exemplo, está adquirindo dois navios produzidos pelo Estaleiro Promar, em Niterói. O primeiro, que está sendo lançado ao mar neste mês, deverá ser concluído até o mês de setembro. O financiamento do BNDES, no valor de US$ 15 milhões, equivale a 90% dos investimentos necessários para a compra da embarcação.
O segundo navio, que deverá ser lançado ao mar em junho, com prazo final de acabamento para dezembro deste ano, terá financiamento de US$ 14,8 milhões do Banco, também equivalente a 90% dos investimentos totais.
As duas embarcações são do tipo PSV, especialmente concebidas para apoio a plataformas petrolíferas, com capacidade para operar mini-submarinos de controle remoto e dispondo de sistemas de posicionamento dinâmico, que oferece segurança às operações de carga e descarga em alto-mar. Cada um dos navios tem 685 metros quadrados de área livre para transporte de contêineres e outras cargas.
O financiamento para a Skannor Offshore Ltda, empresa de origem norueguesa, no valor de US$ 34,1 milhões, equivale a 90% do investimento para a compra do navio que será construído pelo Estaleiro Ilha S/A (Eisa), no Rio de Janeiro. A embarcação é do tipo AHTS, que se destina ao manuseio de âncoras, reboque e suprimento a plataformas de exploração de petróleo. Possui tanques para transporte de vários produtos necessários aos serviços de perfuração em alto-mar.
Como rebocador, tem capacidade de tração de 200 toneladas. Está dotada também com equipamentos e infra-estrutura de resgate, para uso em emergências nas plataformas e outras instalações marítimas.
As três embarcações irão reforçar a presença da bandeira brasileira nas operações de exploração petrolífera no país. De acordo com o BNDES, das 145 embarcações de apoio que atuam hoje em águas nacionais, apenas 48 têm bandeira do Brasil.
Há entre elas 36 navios do tipo AHTS, todas com bandeiras estrangeiras. Existem 26 embarcações do tipo PSV operando no Brasil, das quais só cinco têm bandeira nacional. Todos esses navios operam mediante contratos de prestação de serviços à Petrobras e o aumento de embarcações brasileiras retém divisas no país.