Marina Sarruf
São Paulo – As exportações brasileiras de carne de frango renderam US$ 1,2 bilhão no período de janeiro a junho de 2004, 56% a mais do que o valor registrado no primeiro semestre do ano passado. No mês de junho, as vendas externas totalizaram US$ 248 milhões, valor que corresponde a 238,2 mil toneladas e representa um aumento de 85% sobre o mesmo mês de 2003.
"Esse crescimento foi um recorde histórico nas exportações do produto", disse Cláudio Martins, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef).
O principal comprador da carne de frango nesse primeiro semestre é o Oriente Médio, que importou 345,6 mil toneladas ou US$ 322,8 milhões – um crescimento de 46% em relação ao mesmo período do ano passado. A Arábia Saudita é responsável por cerca de 45% do total importado pelos países árabes e é também a maior compradora individual do frango brasileiro. O país importou 156,7 mil toneladas, o que corresponde a US$ 153 milhões em receitas no primeiro semestre de 2004.
Em seguida, entre os países árabes, estão os Emirados Árabes Unidos, com 54,3 mil toneladas e US$ 52,8 milhões em receita e o Iêmen, com importações de 33,3 mil toneladas e receitas de US$ 28,3 milhões, de janeiro a junho deste ano.
De acordo com Martins, houve uma valorização do produto brasileiro. Em junho deste ano, no segmento de frango inteiro, foi registrado um aumento de 91,5% em relação ao mesmo mês de 2003. A receita cambial chegou a US$ 78,9 milhões, e o volume foi de 97,9 mil toneladas.
Outro fator importante que levou o Brasil a bater recordes de exportação da carne de frango nesse semestre foram os problemas sanitários enfrentados por China e Tailândia, dois dos maiores fornecedores de frango da Ásia, segunda maior região importadora do produto brasileiro. Esses problemas sanitários resultaram num crescimento das importações brasileiras pela região em 127% sobre as receitas, no valor de US$ 346,2 milhões.
O Japão foi o maior comprador do produto. Os embarques somaram 148,1 mil toneladas, enquanto a receita foi de US$ 235,3 milhões, um aumento de 189% comparado ao desempenho das importações japonesas no mesmo semestre de 2003.
Desaceleração
Segundo Martins, as exportações brasileiras de frango, porém, devem desacelerar no segundo semestre. "Não há como manter esse ritmo de crescimento", afirmou o diretor. Segundo ele, houve uma queda de 12% nas importações de produtos agrícolas pela Europa, em função, principalmente, do protecionismo.
Já em relação ao mercado russo houve um aumento de apenas 6%, com receitas de US$ 74,5 milhões, porém com queda de 32% (87,1 mil toneladas) nos volumes embarcados, devido às restrições no sistema de cotas em 2004. O aumento dos 6% na receitas também está relacionado aos problemas sanitários que os concorrentes brasileiros enfrentaram.
Entre os principais estados brasileiros exportadores da carne de frango no primeiro semestre estão Santa Catarina, com 37,5%, Paraná, com 33%, e Rio Grande do Sul, com 31%.