Marina Sarruf
São Paulo – A capital nacional dos bonés, como é conhecida a cidade de Apucarana, localizada a 370 quilômetros de Curitiba no Paraná, pretende se tornar um pólo exportador do acessório. Atualmente, apenas 3% da produção local é vendida no mercado externo. A meta do governo do estado é destinar 30% para exportação até o final de 2006.
De acordo com Santiago Gallo, coordenador de assuntos internacionais da Secretaria de Estado da Indústria, do Comércio e de Assuntos do Mercosul (SEIM), o município de Apucarana produz cerca de 4 milhões de bonés por mês, o que corresponde a 50% da produção total do país. Na cidade, o setor movimenta R$ 10 milhões por mês e o local é considerado um Arranjo Produtivo, com 200 empresas fabricantes de bonés.
Para os fabricantes locais conseguirem aumentar as vendas externas do produto, foi criado o programa de Arranjos Produtivos Locais de Bonés, que vem sendo desenvolvido há um ano pelos empresários locais. Até o momento, mais da metade das empresas de Apucarana aderiram ao programa.
Segundo Maria Isabel Lopes, empresária e participante do APL, são 26 representantes de empresas, instituições bancárias, universidades, sindicatos, prefeitura e associações que fazem parte da administração do Arranjo. "O objetivo do programa é profissionalizar os empresários, melhorar a qualidade do produto e da mão-de-obra. Queremos melhorar o setor em geral", afirmou.
A empresária contou que as exportações de bonés do município acontecem esporadicamente e a maioria das vendas é realizada de forma indireta. "Já exportei bonés para as marcas Drop Dead, General Motors, Mitsubishi, Fiat, entre outras, mas não vendi diretamente para as empresas. Vendo para uma empresa que distribui para elas", explicou Maria Isabel, que fabrica bonés há oito anos e tem uma produção mensal de 100 mil unidades.
Para capacitar as empresas a aumentar as exportações, o programa do APL vai contar com cursos de qualificação de competência gerencial, capacitação administrativa e ainda pretende trazer designers do exterior. Segundo Gallo, o programa deve receber este ano cerca de R$ 500 mil em dinheiro dos governos municipal, estadual e federal para investimentos e mais R$ 500 mil em consultoria.
Uma das prioridades do APL é a elaboração de um senso, para levantar informações exatas do setor, como quantas indústrias existem em Apucarana, o número de funcionários e o faturamento anual. De acordo com Gallo, é estimado que existam atualmente 3 mil funcionários que trabalham diretamente nesse setor.
Mercados
O setor têxtil do Paraná exporta para 14 países, como Argentina, que corresponde a 34% das vendas, Angola, com 28%, México, Estados Unidos e outros. O estado é responsável por 15,4% das vendas externas do setor no Brasil, atrás de São Paulo e Santa Catarina. Já os bonés de Apucarana também têm a Argentina e Angola como principais mercados atualmente, com US$ 9 mil e US$ 15 mil exportados, respectivamente.
O coordenador da SEIM diz que França, Caribe, países do Mercosul e países árabes estão entre os novos mercados que o setor pretende conquistar este ano. Ele confirmou ainda que o governo do estado vai levar cerca de 20 empresas de Apucarana para participar do Ano do Brasil na França, em Paris. No mês de julho, os fabricantes de bonés vão contar com um estande próprio do Paraná no evento.
"O governo do estado está incentivando as empresas a participar de eventos no exterior. Temos interesse em participar de alguma missão em países árabes também", afirmou Gallo. Ele acredita que o boné é uma questão de moda e que é preciso inovar o design e a qualidade do produto. "Os países árabes são bem quentes, têm sol forte, o que pode facilitar o uso de bonés", disse.
De acordo com Gallo, na última edição da Feira Nacional de Inverno (Fenin), que foi realizada em janeiro, em Gramado, no Rio grande do Sul, importadores dos Emirados Árabes Unidos mostraram interesse em comprar bonés para venderem no país. "Os Emirados Árabes podem ser a porta de entrada para os outros países árabes", afirmou.