Marina Sarruf
São Paulo – Vestido com uma camisa vermelha e com símbolo da bandeira da Tunísia colado no peito, Antonio Akbar, 34 anos, filho de pai tunisiano, torceu apreensivo para a Seleção da Tunísia, que empatou em 2 a 2 com a Arábia Saudita ontem (14) em jogo pelo grupo H da Copa do Mundo da Alemanha. Com a bandeira tunisiana na mão, Akbar assistiu a partida num pequeno bar da rua do Carmo, no Centro de São Paulo. Antes de começar o jogo ele dizia: "Se ficar 1 a 0 para Tunísia já está bom, o importante é ganhar."
Ainda no início, amigos brasileiros de Akbar, os empresários Ruy Flückiger e Guilherme Korte – que exportam óleo vegetal, leite em pó e carnes para países árabes -, deram uma passada para desejar boa sorte ao amigo. O descendente de tunisianos trabalha como facilitador, profissional que atua como intermediário nas relações empresariais.
Tenso e com a bandeira na mão, Akbar não tirava os olhos da televisão instalada no bar. Aos 23 minutos do primeiro tempo, porém, o atacante tunisiano Jaziri abriu o placar em Munique. O torcedor serenou o semblante, levantou e comemorou sorridente. "Tunísia, Tunísia", gritou ele de bandeira em punho.
Após esse gol, ele não se sentou mais. Cada falta, cartão amarelo e bola saudita na área, Akbar ficava mais tenso. "O jogo já podia acabar", torcia ele no final do primeiro tempo, quando a Tunísia ganhava por 1 a 0.
Pouco antes do intervalo, no entanto, mais emoção: o juiz marcou falta para Arábia Saudita perto da área da Tunísia, mas o goleiro tunisiano, Boumnijei, de 40 anos, o jogador mais velho da Copa, defendeu a cobrança. E Akbar comemorou em árabe: "Allah u akbar", que quer dizer "Deus é grande".
No intervalo Akbar se empolgou e pendurou a bandeira da Tunísia ao lado da bandeira brasileira que estava numa das paredes do bar. O torcedor, que nasceu no Brasil mas viveu na Tunísia quase a vida toda, dizia: "Só mais um gol para ficar mais fácil para Tunísia". No entanto, sua alegria durou pouco. Aos onze minutos do segundo tempo, o time da Arábia Saudita, do técnico brasileiro Marcos Paquetá, igualou o placar.
Em silêncio, Akbar continuou assistindo a jogo com a mão na cabeça. Já aos 40 minutos do segundo tempo, entre um chute e outro, o atacante saudita Sami Al-Jaber virou o jogo. Muita tensão, nervosismo e atenção marcaram os minutos finais do jogo para Akbar. Mas a Tunísia foi atrás da bola e o zagueiro Radhi Jaidi empatou com um gol de cabeça já nos descontos, aos 47 minutos da segunda etapa. Akbar comemorou o resultado e repetia em árabe: "Allah u akbar."
"A Tunísia podia ter jogado um pouco melhor. Mas nossos primos são bons também", disse ele ao final do jogo se referindo aos sauditas. Ele acredita que no jogo contra a Espanha, que vai ocorrer na segunda-feira (19), seu time vai ganhar de 3 a 1. "Esse foi um jogo de estréia. Estava todo mundo nervoso", justificou.
Akbar pretendia reunir uma torcida organizada ontem para assistir o jogo num telão, mas o equipamento acabou não sendo entregue e ele cancelou o programa.