São Paulo – Para se somar aos esforços no enfrentamento ao novo coronavírus, empresas privadas no Brasil estão voltando seus recursos, espaços e expertise a serviço do setor de saúde do País. Para apoiar profissionais voltados ao atendimento de pacientes infectados, companhias de outras áreas passaram a fabricar insumos hospitalares.
A companhia de automotivos Fiat Chrysler Automóveis (FCA) informou que vai implementar um programa de suporte às medidas para superar a crise em decorrência da propagação da covid-19 no País. As três frentes principais são contribuições para a instalação de hospitais de campanha no município de Betim, em Minas Gerais, e Goiana, em Pernambuco; o uso da expertise e recursos para a produção e oferta de itens hospitalares estratégicos; e as doações e comodato de recursos e materiais para apoio à área da saúde.
Outra ação da FCA é a produção de protetores faciais plásticos (foto acima) em impressoras 3D para doação. A fabricação dos itens está ocorrendo dentro do Polo Automotivo Fiat, através do know-how das áreas de engenharia e design da companhia. A FCA vai fabricar cerca de 2 mil peças, que serão doadas para serviços de saúde de Minas Gerais e Pernambuco. As primeiras unidades foram produzidas na semana passada e serão doadas nos próximos dias.
Já a empresa WEG, que atua produzindo máquinas elétricas, vai usar suas fábricas de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, para produzir respiradores artificiais. Os aparelhos, que serão utilizados por pacientes com covid-19, serão viabilizados por um acordo de transferência de tecnologia firmado entre marca e a Leistung Equipamentos Ltda., fabricante de equipamentos médico-hospitalares. O contrato concede à WEG licença para produzir o respirador com base técnica no aparelho de ventilação mecânica pulmonar Luft-3.
O plano da empresa é produzir 500 respiradores, com capacidade de fabricar 50 respiradores por dia e entregá-los na segunda quinzena de maio. “Dependemos agora da obtenção dos componentes eletrônicos e pneumáticos, muitos deles importados e que sofrem escassez no mercado neste momento”, declarou em nota Manfred Peter Johann, diretor superintendente da WEG Automação.
Empresas calçadistas também estão se engajando através da fabricação de jalecos e máscaras, informou a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). “Nosso setor está trabalhando para contribuir na prevenção da covid-19, o que é extremamente importante para o País. Além disso, nossa indústria está focada em diminuir os impactos da crise sobre a economia e na vida dos brasileiros”, declarou, em nota, o presidente-executivo da entidade, Haroldo Ferreira.
O Grupo Dass, de artigos esportivos do Rio Grande do Sul, por exemplo, decidiu fabricar 35 mil máscaras e 450 jalecos, que serão doados a hospitais e postos de saúde. A Klin, fabricante de calçados infantis de Birigui, interior de São Paulo, confeccionou 4 mil máscaras antes de suspender as atividades em suas quatro unidades fabris como medida de prevenção à transmissão do vírus. Os itens foram entregues para os colaboradores e seus familiares e para instituições que atendem idosos.
Já a marca Renata Mello, com sede em Santa Catarina, doou 1.500 metros de sarja e 200 metros de cordão para confecção de máscaras na Bahia, onde tem fábrica. E a Arezzo&Co mobilizou fornecedores de tecidos, fábricas e a Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul, onde opera, para produzir 25 mil máscaras de proteção. Mais de 12 fábricas cederam seus maquinários para que voluntários produzisse o primeiro lote e um fornecedor de embalagens assumiu a organização em pacotes de 100 unidades.
Doações
Outras marcas do setor calçadista estão promovendo doações do seu principal produto a hospitais e profissionais da saúde. A Boaonda, do Rio Grande do Sul, que produz calçados de segurança, doou dezenas de pares ao Hospital Municipal de Novo Hamburgo. O Grupo Ramarim entregou cerca de R$ 50 mil em tênis de suas marcas para hospitais públicos das cidades onde possui plantas industriais, no Rio Grande do Sul e na Bahia. E a Paquetá, também do Rio Grande, ofertou pares de suas marcas para o Hospital Regina, em Novo Hamburgo.
Já a Arezzo&Co doou 10 mil pares de tênis de quase todas as suas marcas diretamente a profissionais de saúde. A marca Cecconello, também do Rio Grande do Sul, se comprometeu a reverter 5% das compras efetuadas em março para a Fundação Hospitalar Dr. Oswaldo Diesel, do município onde atua.
No setor de produção de baterias, o Grupo Moura deu sua contribuição doando 100 mil máscaras. As equipes de engenharia da marca desenvolveram um produto com duas camadas de tecido à base de algodão e um filtro de lã sintética, seguindo o modelo usado pela população chinesa para proteção individual. Inicialmente, a doação é destinada à população, aos colaboradores do Grupo Moura e suas respectivas famílias e aos profissionais das revendas da marca em todo País.
E a Leroy Merlin, líder no varejo de materiais de construção, por exemplo, anunciou parceria com o Movimento Brasil Contra o Vírus e disponibilizou seu Bricolab, espaço localizado na capital paulista, para confecção de máscaras de proteção hospitalares produzidas a partir de oito de suas impressoras 3D. “Nossa estimativa é trazer mais máquinas para a loja, pois temos espaço físico adequado”, disse em nota Rodrigo Spillere, gerente de Inovação da Leroy Merlin, que pretende ter 12 mil máscaras em 3 meses para doação.
A iniciativa busca abastecer as unidades de saúde públicas e privadas do Brasil e, segundo a engenheira Biomédica idealizadora do movimento, Thabata Ganga, mais de 450 profissionais já demonstraram interesse em adquirir as máscaras.