Brasília – A entrada de investimentos diretos estrangeiros (IDE) no Brasil somou US$ 6,326 bilhões em setembro, com aumento de 11,28% sobre o mês anterior e de 11,7% em relação a setembro do ano passado. “Foi o melhor setembro em investimento estrangeiro desde 2004”, disse Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do Banco Central, ao divulgar nesta terça-feira (25) o Relatório do Setor Externo da instituição.
Segundo ele, a entrada de IDE “foi maior do que esperávamos”. De janeiro a setembro o fluxo somou US$ 50,451 bilhões, o que já é recorde anual. É mais que o dobro do registrado no mesmo período de 2010 (US$ 22,557 bilhões) e acima dos US$ 48,438 bilhões do ano passado inteiro. Como a entrada desses recursos mantém fluxo forte e ainda faltam três meses para o fim do ano, Maciel acredita que a previsão de US$ 60 bilhões para o ano todo, feita pelo BC, “é uma projeção conservadora”.
A área de serviços foi a que mais atraiu recursos ao longo do ano, seguida da indústria e do setor primário (agropecuária e extração mineral). Os subgrupos que receberam mais aportes foram os de telecomunicações, metalurgia e petróleo e gás.
A essa melhora se soma uma expectativa favorável em relação ao saldo da balança comercial, de acordo com o economista do BC. Embora admita que “o superávit deste mês será menor” que os US$ 3,074 bilhões do mês passado, ele trabalha com a perspectiva de saldo anual em torno de US$ 29 bilhões, uma vez que as exportações cresceram 32% no acumulado do ano, contra aumento de 28% nas importações. A evolução projetada para o ano é mais de 43% superior ao superávit de US$ 20,221 bilhões de 2010.
Apesar dos números dos investimentos estrangeiros e comércio exterior, o BC projeta déficit de US$ 54 bilhões nas transações correntes este ano, equivalente a 2,23% do PIB. Será, portanto, o déficit nominal mais alto da história do País, em decorrência, principalmente, dos gastos externos com serviços e rendas, que somam US$ 61,213 bilhões de janeiro a setembro.
São US$ 27,838 bilhões com viagens e transportes internacionais, aluguel de equipamentos, royalties e licenças, computação e informações, serviços governamentais e seguros, entre outros. Já os US$ 33,375 bilhões de despesas com rendas se referem a remessas de lucros e dividendos, juros e salários.
Para 2012 é esperada uma redução no ritmo do fluxo de IDE, segundo disse o presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luiz Afonso Lima, em entrevista à ANBA na semana passada. A crise da dívida na Europa já provocou redução dos anúncios de novos investimentos no Brasil, o que deve se refletir nos números do próximo ano.
Com informações da redação da ANBA