Empresários, executivos e representantes de entidades comerciais participaram do seminário Mercado Foco: Oriente Médio, promovido em parceria pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), em São Paulo. No evento, foram destacadas as principais oportunidades de negócios em países como Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Kuwait e Catar.
Entre os setores com mais oportunidades para as empresas brasileiras foram ressaltados os de alimentos e bebidas, casa e construção, máquinas e equipamentos, moda e serviços. Juarez Leal, coordenador de Desenvolvimento de Novos Produtos da Apex, destacou o aumento do volume das compras governamentais realizadas nos países da região. "O governo começa a ser um agente muito importante na questão de infraestrutura. Já existe um movimento voltado para a Copa do Mundo no Catar e o Brasil tem que ver onde pode se posicionar", afirmou.
Sobre o segmento de alimentos e bebidas, Sidney Alves Costa, gerente do Centro de Negócios da Apex em Dubai, lembrou que "já existe uma imagem positiva na população [árabe] sobre a qualidade dos produtos brasileiros. As empresas precisam ter atenção para os alimentos halal e para os orgânicos", disse. "Nos mercados de renda mais elevada existe uma busca por produtos de qualidade premium, o que não exclui oportunidades para produtos de massa", acrescentou.
A hotelaria também foi apontada como importante geradora de negócios. "O setor hoteleiro continua crescendo em toda a região, especialmente nos Emirados Árabes. Embora a Copa do Mundo [de 2022] seja no Catar, o plano [para o evento] beneficia toda a região. Temos que estar atentos às licitações", alertou Costa.
Em relação ao setor de moda e cosméticos, o gerente da Apex ressaltou que, além dos árabes, os interessados em vender estes produtos no Oriente Médio devem ter em conta também a grande população de estrangeiros que habita a região. "Devem-se contemplar o perfil de produto não só para a população local, mas também os expatriados, que nos Emirados, por exemplo, passam de 80%".
Michel Alaby, CEO da Câmara Árabe, falou sobre as particularidades das negociações com os árabes, enfatizando a importância do selo halal não apenas para carnes e frangos, como também para outros produtos, como doces e cremes. "Na carne, o halal é um preceito sanitário e religioso. Em outros produtos é um nicho de mercado e o Brasil não está aproveitando bem este nicho", afirmou. Sobre os assuntos que podem ou não ser abordados em uma conversa de negócios com os árabes, o executivo apontou que devem ser evitados tópicos como política ou religião, já temas como futebol e a influência árabe no Brasil costumam aproximar os árabes dos brasileiros.
O evento trouxe ainda dois cases de empresas que entraram com sucesso no mercado do Oriente Médio, a construtora Queiroz Galvão e a trading Braseco, empresa alemã com filial no Brasil, especializada em exportar materiais de construção. A Queiroz Galvão, que entrou no mundo árabe pela Líbia, em 2007, hoje já conta com dois escritórios nos Emirados e um no Catar, inaugurado em maio deste ano. A Braseco iniciou seus negócios com os árabes pelo Egito e, atualmente, vende também para Jordânia, Emirados, Omã, Kuwait, Arábia Saudita e Catar.
Entre os empresários e executivos participantes do evento estava Marcelle Fonseca, supervisora de Exportações da Elgin, fabricante de equipamentos de refrigeração comercial. Ela conta que a empresa já exporta para toda a América do Sul, além de países da América Central e para os Estados Unidos. Agora, o interesse é entrar no mercado árabe. "É um mercado muito promissor e como hoje eles estão muito focados em construção, a gente vê na parte de hotelaria o surgimento de necessidade de refrigeração comercial, nosso ramo de atuação". Segundo Marcelle, já há negociações em andamento com a Argélia, mas ainda não foram fechados negócios com aquele país.
Fonte: ANBA