São Paulo – Um grupo de seis pequenas empresas de cosméticos do Paraná está se preparando para começar a atuar no mercado externo. Desde o início do ano, elas fazem parte do núcleo de internacionalização do Projeto Cosméticos do Paraná, uma iniciativa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) do estado, que conta com a parceira da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Segundo Virginia Allgayer, consultora do Sebrae e gestora do Projeto Cosméticos do Paraná, a ideia surgiu no ano passado, a partir da constatação pelo Sebrae de que o Paraná é o terceiro maior estado em produção de cosméticos do Brasil, com 145 empresas do setor, ficando atrás apenas de São Paulo (732 empresas) e Rio de Janeiro (146 empresas). "Quando a gente identificou esse potencial do setor, começamos a trabalhar", conta.
No início, foi feito um levantamento para apurar o que as companhias já tinham pronto para o mercado externo, como material de divulgação bilíngue, linhas de produto e tabelas de preço. Após esta fase, as empresas passaram por cursos e consultorias, além de palestras para a participação em rodadas de negócios e feiras internacionais. A possibilidade de enviar produtos pelos Correios também foi apresentada ao grupo. O serviço Exporta Fácil permite o envio de mercadorias em pequenas quantidades ao exterior, geralmente usado para mandar amostras de produtos.
As empresas também foram incentivadas a aderir ao Beauty Care, o Projeto Setorial Integrado (PSI) da ABIHPEC, realizado em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). O projeto selecionou mercados considerados prioritários para o setor de cosméticos brasileiro: Arábia Saudita, Angola, Moçambique, Colômbia, Peru e Portugal.
As empresas do Paraná optaram por focar em Colômbia, Angola e Moçambique, o primeiro, pela proximidade geográfica e os dois últimos pela questão do idioma. Virginia conta que também foram considerados aspectos como a regulamentação para entrada de cosméticos nestes países, o tamanho do mercado consumidor e o clima.
A consultora relata que quatro empresas do grupo já realizaram a primeira viagem de prospecção à Colômbia e acabaram passando também pelo Peru. Juntas, elas apresentaram produtos como cremes, óleos de massagem, óleos de banho, kits de presentes, cremes contra celulite, shampoos, sabonetes, linhas de perfumaria e para cuidados infantis. Por enquanto, apenas uma empresa do núcleo já exporta sua produção.
"Essas empresas focalizaram o mercado externo e isso traz mais visibilidade no mercado interno", explica Virgínia. "Ela melhora o mix de produtos e a qualificação do marketing. A internacionalização, depois que começa, não volta atrás", destaca. A quebra da dependência do mercado interno é outro fator de interesse nas vendas ao exterior. "A internacionalização é uma maneira de diminuir o risco de se concentrar em um único mercado".
Virginia diz, no entanto, que 2010 representa uma fase de preparação para estas empresas. "Neste ano estamos nos preparando para no ano que vem entrarmos mais forte na questão de comercialização".
Terceiro maior do mundo
O Brasil é o terceiro maior produtor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos do mundo, atrás de Estados Unidos e Japão. É ainda o primeiro mercado em desodorante; o segundo mercado em produtos infantis, produtos masculinos, higiene oral, proteção solar, perfumaria e banho; o terceiro em produtos para cabelos; o sexto em pele e o oitavo em depilatórios.
Em 2009, o país faturou US$ 153 bilhões com as exportações do setor. Os países da América do Sul são os principais importadores dos produtos brasileiros. No total, existem 1.659 fabricantes de cosméticos em todo o Brasil.