São Paulo – O vice-presidente de Marketing da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Riad Younes, participou como representante da entidade do Fórum Econômico Mundial, realizado na semana passada em Davos, na Suíça. Na volta a São Paulo, Younes apresentou um relatório sobre o evento à diretoria da instituição.
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“Foi muito importante para conhecer e os bastidores são o mais interessante”, disse o executivo à ANBA nesta terça-feira (31). Segundo ele, mais do que as palestras em si, conferir a repercussão delas entre empresários, diplomatas, autoridades e jornalistas, a possibilidade de trocar ideias, fazer contatos, acompanhar reuniões e eventos que ocorrem paralelamente, e ver negócios fechados são fatores que fazem valer à pena a visita a Davos.
Younes, por exemplo, pode perguntar a participantes árabes como eles estão vendo o cenário econômico do Brasil. O presidente Michel Temer e o Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, estão entre os brasileiros que falaram no fórum. “Eles gostam do que estão vendo, acham bom o que está ocorrendo, com a melhora na economia, mas tratam com cautela investimentos de longo prazo, pois há incerteza quanto à sustentabilidade desta retomada, especialmente com as eleições”, disse.
Segundo ele, é desta maneira que jornalistas árabes pretendiam abordar o Brasil em reportagens feitas a partir do fórum.
Da mesma forma, ele perguntou a participantes árabes sobre a situação econômica do Oriente Médio e Norte da África. Apesar do recente aumento do preço do petróleo, há dúvidas sobre a sustentabilidade das cotações. Nesse sentido, esta valorização só deverá atrair mais investimentos estrangeiros se conseguir se manter por um período superior a 12 meses.
Younes destacou um painel sobre a Arábia Saudita em que foi detalhado o plano Visão 2030. O programa capitaneado pelo príncipe-herdeiro Mohammed bin Salman prevê uma série de políticas de modernização do país, inclusive a diversificação de sua economia. Participaram do debate os ministros do Comércio e Investimentos da nação árabe, Majid Al-Qasabi, e das Finanças, Mohammed Al-Jadaan, e a princesa Reema Al-Saud, vice-presidente de Desenvolvimento e Planejamento da Autoridade de Esportes da Arábia Saudita.
A Arábia Saudita adotou uma política expansionista. Segundo o vice-presidente da Câmara Árabe, o país aprovou para este o maior Orçamento de sua história. Está previsto um déficit fiscal de US$ 52 bilhões para 2018, menor do que os US$ 61 bilhões registrados no ano passado. Ele comentou que o país pretende zerar o saldo negativo a partir de 2023, sem, no entanto, deixar de ampliar os gastos. A maior parte das receitas do governo saudita vem do petróleo.
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Younes acrescentou que houve participação maciça de árabes no fórum de Davos, sendo que a delegação dos Emirados Árabes Unidos foi a maior de todas, com 65 pessoas.
Outros painéis de destaque para o interesse da Câmara Árabe, segundo o executivo, foram sobre um novo paradigma de crescimento em economia emergentes – com o ministro Henrique Meirelles -, uma visão compartilhada do mundo árabe, uma paz sustentável num mundo fragmentado, um novo equilíbrio no Oriente Médio, mercados globais num mundo fragmentado, uma visão de longo prazo para o mundo árabe e a estabilização da região do Mediterrâneo.
Ele destacou também as presenças no fórum dos primeiros-ministros do Iraque, Haidar El Abadi, e do Líbano, Saad Hariri, e do rei da Jordânia, Abdullah II.
Nos bastidores, Younes apurou ainda que a China e a Índia foram as vedetes do evento, que o Brasil negocia investimentos chineses na área agrícola e que o Egito terá novas regras facilitadoras de investimentos este ano.