Débora Rubin
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São Paulo – Na manhã desta terça-feira (06), um último grupo de refugiados palestinos chegou ao Brasil. Eles desembarcaram no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, e seguiram para Porto Alegre às 15 horas. O grupo de oito pessoas é, na verdade, um núcleo familiar cuja matriarca é Rashida Qassem Mahmoud, de 77 anos. Ela devia ter vindo com o grupo anterior, que chegou no dia 19 de outubro. Mas Rashida preferiu esperar pelo resto da família: a filha, os quatro netos, as noras e a bisneta Nivin, de apenas dois anos. Rashida estava separada da família. Ela viveu os últimos quatro anos no campo de refugiados Al Rwashid na Jordânia, enquanto sua família estava em um campo na Síria.
A família de Rashida vai passar, agora, pelo mesmo procedimento dos demais refugiados palestinos que foram acolhidos pelo Brasil. No total, são 108 pessoas, que estão espalhadas por cinco cidades no Rio Grande do Sul e em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo. A decisão de receber o grupo foi tomada em maio deste ano pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), presidido pelo Ministério da Justiça.
O trabalho de recepção e de reassentamento dos refugiados está sendo feito pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), em parceria com as ONGs Cáritas Brasileira e Associação Antônio Vieira (ASAV). Durante dois anos, eles receberão auxílio para aluguel de moradia, compra de móveis e assistência material, além de aulas de português – que são obrigatórias. As crianças devem começar a freqüentar as escolas em 2008.
A família de Rashida foi recebida pela coordenadora do projeto de reassentamento no Rio Grande do Sul, Karin Kaid Wapechowski, da Associação Antônio Vieira. Ela veio acompanhada de Hayat Saleh, palestina que já vive há 27 anos no Brasil. Rashida e seu grupo vão viver na cidade de Venâncio Aires, a 130 quilômetros de Porto Alegre. Antes, no entanto, eles vão ficar durante uma semana na capital gaúcha para fazer um check up médico e odontológico e vão ter aulas de orientação cultural, para saberem mais sobre o estado e a cidade onde vão viver.
Segundo Karin, os palestinos que já estão no Rio Grande do Sul, que vieram em três levas entre setembro e outubro, estão em fase de adaptação, mas muitos já estão se integrando às comunidades locais, sobretudo com os palestinos e descendentes que marcam forte presença no estado.