Rio de Janeiro – A juventude do Ocidente e do Oriente marcou presença no 3º Fórum da Aliança de Civilizações, que teve início hoje (27), no Rio de Janeiro. No painel “O Papel das Rotas Culturais para a Construção da Aliança de Civilizações”, o antropólogo e fundador do projeto Caminho de Abraão, William Ury, dos Estados Unidos, falou da importância dos jovens de hoje para o desenvolvimento de um mundo melhor.
“Os jovens são mais cabeça aberta, são mais idealistas e vivem na geração da Internet, uma geração sem barreiras. Essas características são um potencial para fazer um mundo melhor”, afirmou Ury, que apresentou aos participantes do fórum um vídeo com jovens de vilarejos palestinos que participam do projeto Caminho de Abraão. Segundo ele, o projeto tem como objetivo promover o intercâmbio cultural e criar uma rota turística sustentável para o desenvolvimento econômico e a aproximação entre os povos.
Desde os primeiros passos do projeto, que teve inicio no final de 2006, cerca de três mil pessoas já fizeram o caminho, que reconstrói os passos do profeta Abraão, que deu origem às três grandes religiões monoteístas (judaísmo, cristianismo e islamismo) e que congregam 3,5 bilhões de pessoas no mundo.
Entre os jovens que já percorrem o itinerário estão palestinos, jordanianos, franceses, alemães, britânicos, paquistaneses e brasileiros. Para falar da importância do projeto e da boa experiência que ganhou após participar do Caminho, o jovem Imad Mansour, da cidade de Nablus, na Cisjordânia, participou do debate. “Conheci outras tradições e culturas de outros lugares na Palestina que eu não conhecia. Foi uma ótima experiência”, afirmou ele, que é membro da ONG Tomorrow’s Youth, do país árabe.
De acordo com Mansour, a ONG tem diferentes programas voltados para ajudar as crianças e jovens palestinos a se conhecerem melhor. Entre os programas há o “Our World”, de intercâmbio. “Jovens de outros países podem vir à Palestina e entender melhor a nossa cultura, e os palestinos também têm a chance de conhecer outras culturas”, disse ele.
Esses programas e caminhos, segundo Ury, contribuem para o turismo sustentável. No caso do Caminho de Abraão, por exemplo, existem famílias palestinas que oferecem almoços e lanches durante o trajeto a um preço acessível e, além disso, as próprias famílias se sentem bem oferecendo comida típica para estrangeiros ou até mesmo para palestinos de outras cidades.
Outra ONG de jovens que participou do debate foi a “One Young World”, que conta com cerca de oito mil jovens de 112 países. A organização é representada por embaixadores jovens em diversas cidades e vem promovendo o diálogo entre as culturas para a paz. No fórum estavam presentes os embaixadores da Nigéria, Rússia e África do Sul.
O painel de Ury, que teve a presença do presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Salim Taufic Schahin, do vice-presidente de Relações Internacionais da entidade, Helmi Nasr, e do secretário-geral, Michel Alaby, comoveu os participantes, que viram o empenho cada vez maior da juventude pelo caminho da aliança entre culturas. “Essa presença dos jovens é extremamente estimulante porque o futuro está na mão dessa juventude. É importante ver que os jovens já estão tendo essa concepção de respeito, tolerância e de paz”, afirmou Schahin.