São Paulo – Georgia El Halal inaugurou sua loja de roupas em 2008, no bairro de Pinheiros, onde mora desde 2004. A marca nasceu junto com a loja física, já que na época não era tão comum vender roupas online. Ela pretende lançar o e-commerce da marca que leva seu nome até o final deste ano.
O pai libanês, Youssef El Halal, veio para o Brasil com a família aos sete anos de idade, na década de 1950. A família se estabeleceu em Porto Alegre e Pelotas, no Rio Grande do Sul. Georgia nasceu na capital rio-grandense, e se mudou para São Paulo há 13 anos.
No Brasil, "Halal" é um termo conhecido da indústria alimentícia, com os alimentos ‘halal’, permitidos para o consumo de muçulmanos. Significa também “pureza”, e é o oposto de “haram”, que significa algo “proibido” pela religião islâmica.
A gaúcha de 34 anos aprendeu a costurar com sua avó materna, brasileira descendente de portugueses e espanhóis, e confessou que a parcela criativa do ateliê veio deste lado da família. Apesar de não ter influência árabe no estilo de suas roupas, ela atribui ao sangue libanês sua facilidade com os negócios.
“Meu pai foi o primeiro a fazer faculdade na família, ele cursou medicina, mas meus tios e meu avô eram comerciantes; quando criança, eu ia na loja deles, e adorava ficar atrás do balcão, ajudando”, conta. Ela revela que sua brincadeira preferida era brincar de loja, vendendo roupas. “Quando dei por mim, estava reproduzindo esse comportamento”, brinca.
Formada em Artes pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Halal afirma que o estilo de suas roupas é “confortável, para mulheres independentes e que sabem o que querem”, e diz que cada coleção tem uma história. A estilista não segue os calendários de moda, respeita o tempo de produção das peças e o tempo de cada costureira. Ela tenta produzir roupas menos descartáveis e mais duradouras.
Adepta de um estilo de vida consciente, a empresária não tem carro e já lançou uma coleção voltada para mulheres que andam de bicicleta, mas não rotula sua marca como “sustentável”. “Não acredito que haja um modelo de negócio na moda que seja 100% sustentável”, enfatiza. E apesar de dar preferência por coleções pequenas, com tecidos mais naturais e de boa qualidade, ela também não se diz minimalista.
“Penso em fazer o meu negócio da melhor forma possível, mas preciso vender e pagar contas”, explica. “Tem que ter bom senso, não dá para ir para os extremos; como libriana que sou, busco sempre o equilíbrio na vida”, se diverte.
A coleção atual, “Essenciais”, trouxe peças-chave de sucesso de outras coleções da marca para reproduzir e criar um armário-cápsula. O resultado foram oito peças versáteis que criam 30 looks. Entre elas, uma jardineira que vira calça e um casaco que se transforma em colete. O objetivo é produzir menos peças de melhor qualidade e que vendam bem. “Quando o e-commerce começar, a ideia é ter minicoleções, com cerca de cinco peças, de estampas e cores variadas”, conta.
A vontade de abrir o ateliê como um lugar de arte e militância surgiu mais recentemente. A estilista reforçou a necessidade de haver mais espaço para mulheres artistas, e diz que encontrou uma forma de fazer sua parte e apoiar o movimento feminista abrindo seu ateliê para outras formas de expressão artística além da moda, todas feitas por mulheres. “É também uma forma de eu me reaproximar da arte, que é minha formação”, explica.
Em 2013, ela abriu o espaço para cursos diversos. Ano passado, tiveram início as rodas de conversa e as mostras de arte e interação feminina. Este ano, Georgia começou a dar aulas de costura, com o intuito de valorizar o produto artesanal, feito à mão. “O ateliê é minha vida, reflete todos os meus momentos de vida, é uma extensão de quem eu sou”, revela.
Serviço
As aulas de costura acontecem todo mês, e a próxima mostra no ateliê vai acontecer de 10 a 12 de novembro
Para mais informações acesse www.georgiahalal.com.br e https://www.facebook.com/GeorgiaHalal/
Atelier Georgia Halal – Rua dos Pinheiros, 338, São Paulo, SP