São Paulo – Para aumentar a produtividade e melhorar a qualidade do café arábica, que tem origem no mundo árabe, a partir da renovação e do revigoramento das lavouras, o governo do estado do Espírito Santo lançou nessa semana o Programa Renovar Arábica. A iniciativa será implantada em 49 municípios, numa área de aproximadamente 190 mil hectares, em mais de 20 mil pequenas propriedades onde vivem cerca de 53 mil famílias.
“Com isso será possível dar um salto histórico na produção do café arábica capixaba: dobrar a produtividade, elevando de 12 sacas beneficiadas por hectare para 23 sacas e aumentar a produção de dois para quatro milhões de sacas, sem aumentar a área plantada”, afirma Gilmar Dadalto, diretor-presidente do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).
Entre as principais metas, que deverão ser cumpridas em um prazo de 15 anos, está a renovação de 100% do parque cafeeiro de arábica com variedades recomendadas pelas pesquisas científicas e com a utilização de boas práticas agrícolas.
O Incaper irá recomendar três novas variedades de arábica para a região produtora do estado, além de lançar a publicação “Técnicas de Produção de Café Arábica” e realizar a distribuição de sementes para produtores e viveiristas iniciarem a renovação de suas lavouras.
Segundo informações do instituto, a distribuição de 2.106 quilos de sementes, agora em outubro, será suficiente para renovar, em 2009, cerca de mil hectares do parque cafeeiro de arábica do estado. Nos próximos anos serão distribuídas 20 toneladas de sementes, suficientes para cobrir cerca de 10 mil hectares, num processo de renovação a uma taxa em torno de 5% ao ano.
Além disso, também é meta do programa ampliar a produção de café superior, com valor agregado, de 300 mil para um milhão de sacas por ano, além de implantar salas de provas de café arábica em todos os municípios.
O Espírito Santo é o segundo maior produtor de café do Brasil – com estimativa de produção para 2008 de 10,3 milhões de sacas – e o primeiro de conilon (7,5 milhões de sacas). A produção capixaba representa mais de 25% do total nacional. Considerada a produção de arábica, o estado fica em 4º lugar no ranking nacional, atrás apenas de Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Os capixabas exportaram US$ 346,7 milhões em café de janeiro a agosto deste ano.
A cafeicultura de arábica é uma das principais atividades das regiões Serrana e Caparaó do Espírito Santo, que são responsáveis por cerca de 74% da produção de arábica do estado. Mais de 75% dos produtores que cultivam esse café são de base familiar, com área média de plantio de 4,8 hectares, em altitudes de 400 a 1,2 mil metros. A altitude média das lavouras é de 671 metros.
De acordo com Dadalto, o “café das montanhas do Espírito Santo”, como é conhecido, apesar de receber ao longo dos anos ganhos significativos na qualidade, o que rendeu até prêmios nacionais, teve pouco avanço na produtividade. “O Programa Renovar Arábica vem justamente resolver esse gargalo e ser um marco na história da cafeicultura de arábica, já que pretende revigorar todas as lavouras da variedade, com vistas à melhoria não apenas da qualidade, mas principalmente da produtividade do produto”, destacou.
Na avaliação do dirigente, são necessários avanços tecnológicos e apoio governamental em ações planejadas, à semelhança do que ocorreu como o café conilon. “O que queremos é uma renovação intensa das lavouras, e para isso o Incaper e a Seag recomendarão mais três novas cultivares, disponibilizará sementes certificadas dos materiais genéticos recomendados, implantará um Programa de Aquisição e Distribuição de Calcário, entre outras ações.”
O Programa Renovar Café Arábica está inserido no Programa Estadual de Cafeicultura Sustentável, que está sendo elaborado com base no Novo Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Capixaba, e recebe o apoio do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D Café), da GTZ, entre outros.
A origem do café
A planta de café é originária da Etiópia, onde ainda hoje faz parte da vegetação natural. O nome café não é originário da Kaffa, local de origem da planta, e sim da palavra árabe qahwa, que significa vinho. Por esse motivo, o café era conhecido como "vinho da Arábia" quando chegou à Europa no século XIV.
Os manuscritos mais antigos mencionando a cultura do café datam de 575 no Iêmen, onde, consumido como fruto in natura, passou a ser cultivado. Somente no século XVI, na Pérsia, os primeiros grãos de café foram torrados para se transformar na bebida que hoje conhecemos.
O café tornou-se de grande importância para os árabes, que tinham completo controle sobre o cultivo e preparação da bebida. Na época, o café era um produto guardado a sete chaves. Era proibido que estrangeiros se aproximassem das plantações, e os árabes protegiam as mudas com a própria vida. A semente de café fora do pergaminho não brota, portanto, somente nessas condições as sementes podiam deixar o país.
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