Abu Dhabi – Em um pedaço de chão em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, o cenário feito de estradas e edificações sobre a areia muda. Muitos não sabem, mas o emirado abriga 176 quilômetros quadrados de manguezais. A vegetação pode ser vista no Jubail Mangrove Park, um parque que recebeu 300 mil visitantes no ano passado, propagando a existência do mangue local e o trabalho para mantê-lo vivo.
Falando a jornalista brasileiros nesta quarta-feira (13), a gerente de Avaliação e Conservação Marinha de Agência Ambiental de Abu Dhabi, Maitha Mohamed Al Hameli (foto de abertura), relata que o Jubail é o único parque de mangue aberto a visitantes no emirado, mas que há muitas áreas com essa vegetação perto da costa de Abu Dhabi.
Hameli afirma que elas servem de berçário para os peixes comerciais. Eles nascem ali e depois vão para o oceano. De fato, em cima da areia branquinha, nas águas do parque de Abu Dhabi, dá para enxergar micro peixes circulando e até mesmo alguns mais grandinhos. A gerente também relata que os manguezais são importantes para o sequestro de carbono.
Mestre em Ciências, Hameli conta que a restauração do mangue começou nos anos de 1970, com o xeque Zayed bin Sultan Al Nahyan, então presidente dos Emirados, e o trabalho teve seguimento. Um dos próximos passos será a criação de um centro de pesquisas voltado para o mangue, no qual o Jubail Mangrove Park estará envolvido.
Como quase tudo nos Emirados Árabes Unidos, a conservação e a restauração do mangue também contam com a poderosa ajuda da tecnologia. Neste ano foram espalhadas um milhão de sementes de mangue sobre essas áreas de vegetação em Abu Dhabi. A expectativa é que a taxa de sucesso seja de 48%, ou seja, quase metade virará árvore.
O Jubail Mangrove Park serve como um cartão postal para a atuação de Abu Dhabi com os manguezais. O local recebe estrangeiros, visitantes locais, grupo de empresas e de escolas. Hameli diz que o trabalho com o mangue não é concentrado apenas na restauração e na pesquisa e que existem os esforços pela conscientização do público sobre o assunto.
As atividades acontecem por meio da Abu Dhabi Mangrove Initiative. A cientista Hameli relata que há colaboração com parceiros locais e internacionais para garantir que seja usada a melhor metodologia e se obtenha a maior taxa de sucesso na restauração e conservação dos manguezais. Falando sobre aquecimento global, Hameli convidou os cientistas do mundo para que conheçam a realidade nos Emirados nos mangues e o conhecimento seja otimizado.
O Jubail Mangrove Park se intitula como um santuário do mangue e, além dos peixes e das árvores, abriga muitas aves. Um calçadão de madeira construído sobre o manguezal permite que os visitantes vejam de perto a vegetação e a biodiversidade local. Em seu site, o parque informa que tem por objetivo aumentar a consciência, a contemplação e a compreensão da função ecológica dos habitats de mangues. Também é possível fazer passeios de caiaques no local e outras atividades programadas.
Entre as atrações estão uma cafeteria e um local para compra de souvenir. Na área externa do parque fica uma lojinha de artesanato. As peças comercializadas são feitas por mulheres dos Emirados Árabes Unidos e estão em exposição para incentivo do trabalho delas.
A jornalista viajou a convite da Embaixada dos Emirados Árabes Unidos no Brasil.