São Paulo – Foi em 2017 que a empresa Xingu Fruit, localizada em Castanhal, no estado do Pará, começou a comprar açaí de cooperativas e associações ribeirinhas e transformar o fruto em produtos para vender no Brasil e no mundo. A primeira exportação aconteceu ainda no primeiro ano de fundação, para os Estados Unidos. Atualmente presente em quase todos os estados brasileiros, a marca exporta diversos produtos para 16 nações, entre elas os Emirados Árabes Unidos, Austrália, França, Alemanha, Espanha, Bélgica, Equador e Chile.
A Xingu também está em negociação para começar a atender compradores do Catar e da Arábia Saudita. “É realmente um mercado que está em crescimento. Os árabes estão procurando mais o produto por ele ser saudável, sem glúten, vegano. Apesar de ele ser um pouco mais caro, não é um problema porque o público tem o capital necessário para comprar”, diz Suany Gomes, gerente de exportação da Xingu Fruit.
Nos Emirados Árabes, quem faz o açaí da Xingu Fruit chegar ao consumidor são brasileiros que moram no país. Entre os compradores está Marcio Saboya, fundador e CEO da The Açaí Spot, rede de pontos-de-venda especializada em açaí. “Tem sido uma parceria boa com a Xingu. Eles conseguem vender em grandes quantidades e qualquer problema que aparece, os representantes da marca respondem rapidamente”, explica Saboya.
A quantidade de açaí exportada aos Emirados Árabes Unidos saiu de 19 toneladas em 2020 para cerca de 100 toneladas em 2022. A previsão para 2023 é aumentar em 50% as vendas para o país árabe em relação ao ano passado.
Além do carro-chefe da empresa, que é a polpa do açaí congelada em cubos, também são vendidos polpas de outras frutas congeladas, como acerola, cupuaçu, pitaya, maracujá, goiaba e graviola, sorbet, um tipo de sorvete sem adição de leite feito com açaí e banana, açaí e guaraná e açaí e morango. O sorbet é vendido para o varejo em dois tipos de potes, de 220 gramas e 420 gramas. A Xingu ainda exporta as linhas açaí com guaraná orgânico e a industrial, essa última oferecida em dois formatos: o tambor que pesa 180 quilos e o balde de 18 quilos.
De agosto a dezembro, as famílias ribeirinhas fazem a colheita do açaí. Elas também cuidam e limpam a área do plantio para manter o espaço pronto para as colheitas.
Brasileiro revende produtos da Xingu Fruit
Vivendo em Dubai desde 2008, Marcio Saboya decidiu criar o próprio negócio para revender açaí na cidade em 2015. Antes de virar empresário, o brasileiro trabalhou como comissário de bordo da companhia aérea Emirates. Inicialmente, foram investidos US$ 250 mil, equivalentes a mais de R$ 1,1 milhão.
Atualmente ele compra os produtos da Xingu Fruit e vende em oito lojas de Dubai e em outras duas lojas na Hungria. O empresário também faz a distribuição dos produtos para 200 clientes de países como Kuwait, Bahrein, Iraque e Hungria. Existem planos de chegar em breve ao Egito, Índia e Ilhas Maurício.
“Antes da pandemia a gente já tinha o plano de começar a ser uma distribuidora, além de franqueadora de lojas. Em janeiro de 2021 começamos a distribuir os produtos e hoje temos uma estrutura com 11 funcionários”, conta Saboya.
“O açaí ainda não é tão conhecido lá como no Brasil, mas acredito que é um negócio que tem futuro no mercado árabe. Já é comum ver duas ou três marcas de açaí à venda nos supermercados, o que representa um crescimento para gente e para os nossos concorrentes.”
Por serem nações com inverno menos rigoroso, os produtos provenientes do Brasil são vendidos o ano todo para os árabes. Em Dubai são atendidos consumidores de diferentes nacionalidades e 65% do público é formado por mulheres entre 23 e 45 anos. Elas vêm de classes altas, gostam de se alimentar bem e praticar atividades físicas.
O ticket médio gasto na loja varia entre US$ 8 e US$ 20, isto é, de R$ 38 a R$ 95. “No ano passado compramos 120 toneladas dos produtos feitos com açaí, das linhas sorbet e service da Xingu. Este ano queremos bater as 200 toneladas.”
Reportagem de Rebecca Vettore, especial para a ANBA.