São Paulo – Emirates, Royal Air Maroc, Qatar Airways: as três empresas aéreas árabes que voam para o Brasil anunciaram nos últimos meses ampliação de voos ao País. Para o engenheiro aeronáutico e especialista em Economia do Transporte Aéreo, Adalberto Febeliano, esse movimento é reflexo de um crescimento de demanda de passageiros sul-americanos– e não apenas brasileiros – para destinos além dos países árabes. A Emirates fica em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, a Qatar Airways, no Catar, e a Royal Air Maroc, no Marrocos.
“Esse crescimento não é só do voo do Brasil para os Emirados, não só para o Catar, mas tem também os passageiros que vão para os Emirados para pegar um voo para seguir para o Japão, para a China, Singapura, para fazer essas conexões. O que as empresas certamente estão notando é um aumento no fluxo da América Latina para a Ásia”, afirma Febeliano à ANBA.

Ele diz que as empresas encontraram em São Paulo um hub para seus voos, mas que muitos passageiros são de países latino-americanos que vêm a São Paulo para, então, seguir viagem em seus aviões. Como exemplo dessa conectividade, diz o especialista, as empresas aéreas árabes mantêm acordos de compartilhamento de voos com as companhias aéreas locais.
A Gol, por exemplo, tem parceria com a Royal Air Maroc. A Etihad, companhia de Abu Dhabi que voou para São Paulo entre 2013 e 2017, tem sua parceria no Brasil com a Azul. Neste caso, o acordo é para trocas de pontos nos programas de fidelidade.
A Emirates afirmou em julho que voará diariamente para o Rio de Janeiro e Buenos Aires, na Argentina, a partir de outubro. Atualmente, são cinco voos semanais para esses destinos, além da frequência diária para São Paulo. A Qatar Airways está ampliando de 14 para 17 os voos semanais entre Doha e São Paulo. E a Royal Air Maroc confirmou à ANBA: quatro voos semanais a partir de dezembro e cinco a seis voos semanais em 2026, quando também iniciará operações para o Rio de Janeiro.
Diretor-geral da Royal Air Maroc no Brasil, Othman Baba confirmou à ANBA que a empresa terá quatro voos semanais para São Paulo a partir de 2 de dezembro. Desde dezembro do ano passado, quando retomou suas operações no País após a pandemia, a empresa voa três vezes por semana entre Casablanca e São Paulo.
A companhia tem, contudo, outros planos para suas operações no País. O executivo adiantou que a meta é, já em 2026, voar seis vezes por semana para São Paulo e, também no próximo ano, começar a voar para o Rio de Janeiro. Essa rota poderá, assim como no caso da Emirates, chegar a Buenos Aires, o que ainda está em análise. Baba diz que São Paulo é um destino dinâmico, o “coração” financeiro do Brasil e da América do Sul e que a empresa quer ser uma “ponte” entre essa região e outros locais para os quais voa.
“O Brasil é um destino muito importante por três motivos: primeiro porque é o maior destino da América do Sul, as grandes companhias aéreas estão em São Paulo. Para nós é uma porta de entrada [das rotas] para a Europa, África e Ásia”, diz. “O segundo motivo é porque acreditamos em promover o turismo entre os dois países. Os marroquinos amam o Brasil, se identificam, querem conhecer o Rio de Janeiro. E o terceiro motivo é que queremos promover negócios. Quando se tem uma linha direta, se facilita os negócios entre dois países”, afirma Baba.
Ele explica que a capacidade de a empresa atender aos objetivos e à demanda está diretamente relacionada à sua infraestrutura, e a Royal Air Maroc está em crescimento. A empresa tem o plano de chegar a 200 aeronaves em 2027 e depende das entregas de aviões. O aumento de voos para São Paulo será possível em razão da chegada de um novo Boeing 787 à frota.
A companhia também já está atenta às oportunidades que se abrirão nos próximos anos, pois o Marrocos será, ao lado de Espanha e Portugal, sede da Copa do Mundo de 2030. Ao avaliar que um torneio deste tamanho “acelera” projetos em países-sede, ele diz que o evento poderá também repercutir em uma aceleração de planos para o Brasil e se refletir em mais demanda. Independentemente do que acontecerá nos próximos cinco anos, o executivo afirma que a empresa não pode ficar parada. “Nesta indústria, se você não se desenvolve, você desaparece”, diz.
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