Dubai – Duas startups do setor de tecnologia agrícola – agritechs – se destacaram nesta edição da Gitex Future Stars, feira de startups que ocorreu esta semana em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. A Raks e a Krilltech foram finalistas do prêmio Supernova, em que competiram startups do mundo todo. As duas estavam expondo seus serviços no pavilhão do Brasil na Gitex, que contou com a participação de outras oito empresas, a Biosolvit, a TNS Nano, a Trakto, a Dersalis, a Jade Autism, a Tactic Up, a Predify e a Asel Tech.
A ANBA entrevistou a CEO e fundadora da Raks, Fabiane Kuhn, durante a feira. Kuhn contou que a Raks desenvolveu um sistema para o manejo da irrigação. “Trabalhamos com sensores de umidade do solo fixos em campo com energia solar, sem necessidade de internet na lavoura”, disse Kuhn. Esses sensores monitoram a umidade e são unidos a dados de clima, planta e do método de irrigação, para então indicar ao produtor quando e quanto ele deve irrigar, o que gera economia de energia elétrica e água, e aumenta a produtividade.
A profundidade do sensor embaixo da terra é de 25 centímetros, que segundo Kuhn, é a média do tamanho de raiz de diversas culturas. Trigo, soja, milho, açaí, morango e nogueira-pecã foram alguns tipos de cultura em que o sensor já foi utilizado. “E a nogueira-pecã é uma árvore, o que mostra que o sensor pode ser utilizado em diferentes culturas”, disse a CEO. O sensor não funciona em culturas alagadas, como a de arroz.
A tecnologia está presente no Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Bahia, São Paulo e Pará. A empresa começou como um projeto de pesquisa do Ensino Médio de Kuhn em 2015, junto com dois colegas. Em 2017, a empresa foi aberta com foco no desenvolvimento do produto. O lançamento foi feito em 2020 para testes em campo e as vendas começaram em 2021.
Na plataforma da Raks, o usuário tem acesso a todas as informações que o sensor coleta em campo. Lá ele consegue ver o histórico, a recomendação de quando e quanto ele tem que irrigar e projeções para as próximas semanas e dias. “Na plataforma também é onde o usuário configura qual o tipo de solo e o tipo de cultura que ele possui, para que o sistema sempre se adeque àquela situação específica, e não use uma informação genérica”, disse Kuhn.
Sobre ser finalista no prêmio Supernova, Fabiane contou que foram 500 empresas inscritas, 120 foram para a semifinal e 22 para a final, de todo o mundo. “O mundo todo apresentando startups de diversas áreas e nós, na primeira vez que estamos aqui, já conseguimos ir para a final, então estamos representando bem o Brasil”, disse. Ela tem o objetivo de aumentar as operações e acelerar o processo da empresa como um todo.
A ANBA acompanhou a apresentação da Krilltech na final da competição Supernova. O CEO Diego Stone contou sobre a nanotecnologia da Arbolina, que faz com que se obtenha maior produtividade na colheita e mais qualidade nutricional nas cultivares de forma sustentável e no mesmo intervalo de tempo.
O biofertilizante melhora o desempenho das lavouras sem gerar resíduos tóxicos. Arbolin Biogenesis é uma linha inovadora de produtos com nanoestrutura orgânica, atóxica e biocompatível. Ela atua de forma biodegradável, age como fertilizante, biofortificante e carregador de nutrientes, e já viu resultados de aumento produtivo em mais de 23 culturas diferentes, entre elas, morango (70%), feijão (33%), tomate (26-40%) e hortaliças (30-50%). A startup Krilltech é uma parceria entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Universidade de Brasília (UnB).
Stone disse que a empresa já tem mais de 210 clientes em menos de seis meses, e que está em busca de potenciais parceiros e clientes nos Emirados Árabes e no mundo árabe. Segundo ele, seu produto pode ajudar na questão da segurança alimentar, muito cara aos árabes do Golfo.