Da redação
São Paulo – Brasil e Estados Unidos vão trabalhar juntos para tentar resolver o problema dos subsídios agrícolas, um dos temas que fazem parte das discussões para criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).
A informação é do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, que deu a declaração pouco depois de se reunir com uma comitiva de 11 parlamentares norte-americanos, liderada pelo presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, o republicano Dennis Hastert.
"Eles concordaram em atuarmos em conjunto, daqui para frente, nessa questão", disse Rodrigues.
De acordo com o ministro, é preciso buscar alternativas para que os subsídios não distorçam o mercado agrícola.
"Se é impossível impedir a concessão de subsídios, seja por questões políticas ou sociais, então devemos estabelecer normas para que eles não gerem excedentes exportáveis e nem acabem criando problemas ao mercado", afirmou Rodrigues.
Segundo ele, os parlamentares norte-americanos aceitaram discutir com o Brasil uma solução para o problema – um dos principais impasses nas negociações da Alca. Hastert alegou que os subsídios nos EUA servem para manter a agricultura familiar.
"No meu distrito, por exemplo, o tamanho médio de uma fazenda é entre trezentos e quatrocentos hectares. São empreendimentos familiares. Por meio dos subsídios, garantimos que essas famílias de produtores continuem trabalhando na área agrícola. Essa é a finalidade dos subsídios, mas isso pode ser discutido com os outros países, para que possamos chegar a uma conclusão satisfatória para todos."
O deputado também defende uma maior aproximação entre o Brasil e os Estados Unidos nos assuntos relacionados ao agronegócio.
"Queremos cooperar e realizar um diálogo nessa área. Os dois países são grandes produtores e devem estabelecer acordos multilaterais. Por meio deles, podem vender seus produtos para outros mercados e comprar mercadorias desses países", destacou o deputado norte-americano, eleito por Illinois.
No entanto, agricultores e exportadores ouvidos pela Agência Meios não acreditam que os Estados Unidos e a União Européia possam extinguir ou ao menos reduzir o subsídio que concedem a seus produtores rurais.
Vale lembrar que os Estados Unidos e União Européia e Japão gastam anualmente cerca de US$ 300 bilhões para subsidiar seus agricultores.
Ou seja, seis vezes mais do que gastam em programas de ajuda aos países mais pobres. Vale lembrar ainda que a UE e os EUA respondem por quase 2/3 terços dos subsídios concedidos pelos países ricos a seus agricultores.