São Paulo – As possibilidades para explorar o mercado árabe podem estar muito além do já conhecido polo dos Emirados Árabes Unidos. Especialistas em negócios de diferentes setores e países citaram que as portas estão se abrindo cada vez mais para as mulheres empreendedoras em nações como o Marrocos, Kuwait e Arábia Saudita. As informações foram compartilhadas durante o webinar “Desafios e oportunidades para mulheres fazerem negócios com os países árabes”, na manhã desta quarta-feira (16). O evento virtual foi realizado pelo comitê feminino Wahi – Mulheres que Inspiram, da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, e pelo grupo Women Inside Trade (WIT).
A diretora do Citibank Subsidiaries Group para o GCC e Iraque, Shamsa Al-Falasi (foto acima), frisou que nos últimos dez anos houve grande progresso na abertura para as mulheres de negócios. “O Marrocos [também] está se abrindo, promovendo novos negócios. Temos os nichos de negócios [em cada país árabe]. Vocês ficarão surpresas, mas o Kuwait é outro país que vem ativamente tentando promover novos negócios. É algo para se ter em mente”, afirmou Al-Falasi.
Outra potência citada pela diretora do Citibank foi a Arábia Saudita. “Há países que estão no caminho correto com seus programas, como a Arábia Saudita, que continua se expandindo [em negócios]. Do ponto de vista cultural, continua sendo uma nação conservadora, mas boa parte da população tem menos de 30 anos”, disse a executiva.
A empresária Julia de Biase, que atua no comércio entre árabes e Brasil, participou do webinar e indagou sobre a receptividade de diferentes nações árabes com os itens brasileiros. “Eu trabalho com a importação dos produtos árabes para o Brasil. Estou iniciando esse outro lado, que é o trabalho de exportadora. Gostaria de saber além dos Emirados, quais outros países poderíamos entrar com produtos como o açaí com tâmaras que estou desenvolvendo?”, questionou.
Sobre o tema, a marroquina Heuda Farah Guessous, cofundadora da feira internacional Foodeshow, frisou a importância da segmentação para avaliar qual mercado mais interessado no produto. A empresária também citou o Marrocos como uma boa alternativa ao país do Golfo. “O Marrocos é um portal para a Europa porque tem 61 acordos de livre-comércio ou preferenciais de comércio, tem com o Conselho de Cooperação do Golfo, com a Turquia, com países africanos. Isso é interessante de considerar”, pontuou Guessous.
Estar atenta às mais atuais ferramentas de negócios é outra necessidade que Shamsa Al-Falasi frisa. “O mercado está mudando e precisamos alavancar essas plataformas [digitais]. O futuro já chegou, precisamos aproveitar o que está acontecendo agora. Capturar as oportunidades. Quanto mais colaborarmos, mais poderosas seremos”, destacou.
São colaborações como essa que o webinar propôs, lembra Alessandra Frisso, presidente do comitê Wahi e diretora comercial da H2R Pesquisas Avançadas, associada à Câmara Árabe. “Temos o prazer de compartilhar a nossa parceria com o WIT. É um movimento da Câmara Árabe para nos aproximarmos das mulheres de negócios internacionais. Sabemos que há os desafios de negócios e culturais, mas quando conhecemos melhor a cultura, nos sentimos mais confortáveis para fazer negócios e ter oportunidades”, afirmou Frisso.
As cofundadoras do WIT, Verônica Prates e Monica Rodriguez, falaram sobre a parceria que deu origem ao webinar. “Acredito que é fruto da demanda das mulheres por terem cada vez mais espaço, e é para combater um mito de que as mulheres não se ajudam. Essa parceria está aí para mostrar que as mulheres estão se ajudando para se erguer mundo afora”, disse Prates. “Percebo que cada vez mais as barreiras ao comércio tendem a ser reduzidas pelos países. Essa sinergia entre o WIT e o Wahi renderá bons frutos, sobretudo o aumento da participação feminina nos negócios internacionais”, afirmou Rodriguez.
Dentro da programação do webinar, a Câmara Árabe promoveu, ainda, uma enquete que, entre outros dados, revelou que 67% das mulheres que acompanharam o evento se sentem confortáveis em viajar à região árabe. A maioria delas (76%) também disse nunca ter declinado uma negociação por enfrentar barreira cultural. Para a gerente de Relações Institucionais da Câmara Árabe, Fernanda Baltazar, os números mostram um avanço e incentivo para as mulheres que pensam em iniciar negócios com nações árabes. “O objetivo do evento é justamente o de quebrar barreiras para construir ideias e oportunidades. É importante ter esses exemplos. Foi muito rico o que vocês trouxeram para nós”, concluiu Baltazar.
O presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun, também marcou presença no evento. “Falar sobre desafios e oportunidades para mulheres que fazem negócios com países árabes é muito importante. Isso está sendo trabalhado no Wahi e estamos tendo colaboração do WIT. Gostaria de agradecer todas que estão aqui”, disse.
A diretora da Câmara Árabe e do Wahi, Claudia Haddad, encerrou o webinar convidando a todos para o Fórum Econômico Brasil-Países Árabes, que ocorrerá de forma digital em outubro, e deixou uma mensagem. “A mulher árabe, diferente do que se imagina por aí, sempre teve papel fundamental, pois é ela quem controla a família. Sendo assim, não é difícil vê-la à frente dos negócios. O tema do webinar trouxe muita sinergia entre o Wahi e o WIT, de onde com certeza irão surgir mais assuntos e ações”, concluiu Haddad.
Também participaram do evento Karen Jones, chefe de operações do escritório para Oriente Médio e Norte da África da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Grazielle Parenti, presidente do conselho diretor da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), e Kellen Amorim, estrategista em Comunicação e Posicionamento de Marca Pessoal e Lideranças Femininas. A empresária Cecilia Araujo, da Vitta Gold, que tem forte presença no Egito, também participou contando sua experiência nesse comércio.
Leia também a reportagem ‘Mulheres ganham espaço no mundo dos negócios árabes‘ sobre o conteúdo debatido no evento virtual.
Assista, abaixo, o webinar completo que está disponível no Youtube da Câmara Árabe: