Geovana Pagel
São Paulo – As exportações de algodão brasileiro podem chegar a 400 mil toneladas em 2004, um aumento de 116% sobre o total de vendas externas deste ano – de 185 mil toneladas -, estima o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A safra do ano que vem deve alcançar 1,1 milhão de toneladas, um volume 28,3% maior que a produção da safra atual, de 847,5 mil toneladas.
O diretor da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Marco Antonio Aluisio, disse que antes mesmo do fim da colheita, as exportações de algodão já alcançam 240 mil toneladas. "As vendas antecipadas para exportação garantem ao produtor boa parte do seu rendimento, com segurança. É o principal estímulo à produção", avalia.
Segundo o diretor da Anea, a recente recuperação dos preços da commodity no mercado internacional animou muito os produtores. "Há dois anos, os preços estavam baixíssimos, cerca de US$ 0,30 por libra-peso, e agora estamos próximos de US$ 0,60", diz.
Por trás dos preços favoráveis está a demanda da China, que aumentou seu consumo em 1 milhão de toneladas, e problemas climáticos naquele país, que levaram à redução da previsão de produção de 6 milhões de toneladas para 5,5 milhões de toneladas.
Também há o problema de seca na Austrália. O Brasil passou a suprir esta “lacuna”, assumindo alguns contratos. Segundo Aluisio, a boa qualidade do algodão brasileiro já é reconhecida. “Hoje o Brasil exporta para os principais mercados importadores”, destaca.
O algodão brasileiro é vendido para aproximadamente 15 países, principalmente os localizados no extremo Oriente, Ásia, Europa (Itália, Portugal e Alemanha), América Central, e Colômbia, Venezuela, Argentina, China, Índia, Paquistão, Coréia,Tailândia e Indonésia.
De acordo com o diretor da Anea, a indústria de defensivos agrícolas também passou a movimentar mais e inclusive aumentou o crédito dos produtores. “A venda antecipada da colheita gera confiança e movimenta diversos setores”, avalia.
O vice-presidente a Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa) Adilton Sachet acredita que o “bom momento” da produção e exportação do algodão brasileiro é devido em grande parte à campanha de promoção do produto que a entidade realizou no exterior, seja participando em feiras e/ou trazendo grupos de empresários estrangeiros para o Brasil. “A Abrapa fez a lição de casa”, garante. “Quando existe oferta e procura, o mercado flui”, explica Sachet.
Segundo ele, foram várias iniciativas para tornar públicos o potencial e a capacidade do produtor brasileiro, que contaram com o apoio da Agência de Promoção das Exportações do Brasil (Apex) e do Fundo de Apoio à Cultura do Algodão (FACUA), gerido pelos próprios produtores.
De acordo com Sachet, ações como a participação em eventos internacionais e o cumprimento de contratos, mesmo que por preços abaixo do mínimo necessário, principalmente nos anos de 2000 e 2001, fizeram com que o produtor brasileiro conquistasse o respeito e confiança dos importadores.
Principal exportador
A produção de algodão no Mato Grosso avançou muito nas últimas safras e o estado assumiu a liderança na produção nacional. Segundo Sachet, que também é proprietário da Agropecuária Sachetti, localizada em Rondonópolis, hoje os matogrossenses são responsáveis por 52% do algodão produzido no país.
Em sua 12.ª colheita de algodão, o produtor, que inicialmente plantou uma área experimental de 50 hectares e chegou a plantar 12 mil hectares em 2000, este ano preparou uma lavoura de 8 mil hectares. “A tendência agora é manter e/ou aumentar a produção e a exportação”, garante.
Os principais importadores do algodão produzido na Sachetti são a Índia, a China, a Tailândia, o Japão, a Alemanha e a Itália.

