São Paulo – São boas as notícias da feira "Dubai 2011: Open to the World", realizada nos dias 15 e 16 deste mês em Dubai com os 34 países que mais consomem e produzem algodão. De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Sérgio De Marco, Brasil e Estados Unidos poderão ser os maiores beneficiados pelo crescimento da demanda. A safra nacional também deverá crescer pelo menos até 2013 porque a área plantada brasileira deverá aumentar.
De acordo com Sérgio, o objetivo do evento não era fechar negócios, mas promover discussões e apresentações que ajudassem os produtores a aumentar as plantações e vendas de algodão. O Brasil, afirma o presidente da Abrapa, foi citado em diversas ocasiões como um país que tem potencial de produzir e vender mais.
No ano passado, no entanto, os produtores de algodão pediram e a Câmara de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento Econômico e Social (MDIC), isentou de taxas a importação de 175 mil toneladas de algodão. A isenção fica em vigor até 31 de maio deste ano. A medida foi a solução para abastecer o mercado nacional, que ficou prejudicado com a quebra da safra provocada pela falta de chuvas em Mato Grosso.
Neste ano, deverão ser exportadas entre 650 mil e 700 mil toneladas de algodão. Existe demanda por mais produto no mercado internacional, mas ela esbarra na falta de infraestrutura. "Devemos exportar no máximo 700 mil toneladas neste ano. Não temos como vender mais porque há gargalos de logística, problemas nos portos", afirma Sérgio.
Se, por um lado, o setor sofre com falta de infraestrutura, por outro terá aumento da área plantada. "De acordo com o que nos apresentaram no evento em Dubai, nosso algodão vai passar por um bom momento nos próximos ano, pelo menos até 2013. Teremos um aumento de 10% a 20% na área plantada no país", diz Sergio. Além do mercado chinês, o próprio mercado nacional vai consumir mais algodão nos próximos anos. "Nunca passamos das 800 mil toneladas, mas devemos atingir 1,1 milhão de toneladas consumidas no Brasil já nos próximos anos".
A perspectiva é também para aumento no preço da commodity, dos cerca de US$ 0,80 por libra-peso para até US$ 1,20 por libra-peso. Sergio, porém, lamenta as perspectivas para o câmbio. Ele disse que o real deverá continuar valorizado frente ao dólar pelo menos nos próximos cinco anos.
Exportações
De acordo com dados do MDIC, o recorde de exportações brasileiras foi registrado em 2008. Naquele ano, o país enviou 548.303 toneladas de algodão para o exterior. Em 2009, foram 523.563 toneladas e, no passado, 512.971 toneladas. Segundo a Abrapa, as exportações continuaram a cair no começo deste ano. No primeiro bimestre de 2011, o Brasil exportou 32.300 toneladas, queda de 47,75% em relação às 61.813 toneladas do produto enviadas ao exterior no mesmo período em 2010. Dos países árabes, o principal comprador do Brasil foi o Marrocos. O país importou 543 toneladas, um aumento de 54,7% em relação às 351 toneladas importadas em janeiro e fevereiro do ano passado.