São Paulo – A Aliança do Pacífico, bloco econômico formado por Chile, Colômbia, Peru e México, começou a fincar bandeira no mundo árabe. Na terça-feira (10), as agências de promoção e as embaixadas destes países realizaram um seminário em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, com o objetivo de lançar oficialmente a Aliança na região, apresentar possibilidades de investimentos e novas oportunidades de negócios.
Durante esta semana, o grupo promove eventos semelhantes também em Pequim, na China, Londres, no Reino Unido, Nova Déli, na Índia, e Tóquio, no Japão. A iniciativa da Aliança foi lançada em 2011, mas este ano as ações do bloco ganharam corpo e outras nações latino-americanas já estão na fila para se associar.
De acordo com reportagem publicada nesta quarta-feira (11) pelo jornal Khaleej Times, de Dubai, a Aliança responde por 26% do comércio do emirado com a América Latina. Segundo o diário, a corrente comercial do grupo latino-americano com o Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) é de US$ 1,3 bilhão por ano, sendo que a participação dos Emirados nesse total é de 45%. Além disso, a nação árabe tem 26 bilhões de dirhans (US$ 7 bilhões) em investimentos diretos nos quatro países latinos. O GCC é formado por Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados, Kuwait e Omã.
“Os países da Aliança do Pacífico estão entre os mais atrativos da região para o comércio exterior e os investimentos estrangeiros, com bons fundamentos macroeconômicos, democracias maduras e estão listados entre os 25 países com maior facilidade de fazer negócios no ranking do Banco Mundial”, disse o embaixador do Chile nos Emirados, Jean-Paul Tarud, de acordo com o Khaleej Times. “Nós criamos uma forte integração entre os nossos países para se relacionar melhor com o resto do mundo, especialmente com os Emirados”, acrescentou.
A consolidação do bloco suscitou no Brasil um debate acalorado sobre as estratégias comerciais do País. O governo brasileiro lidera outras iniciativas regionais, como o Mercosul, mercado comum que reúne Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e agora também a Venezuela, e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), fórum de diálogo político dos países da região.
O Brasil é também grande defensor do multilateralismo. Desde o início a diplomacia brasileira apostou suas fichas na Organização Mundial do Comércio (OMC) e sempre defendeu a Rodada Doha. Fora da organização, o País se recusa a assinar sozinho acordos de comércio com outras nações sem a participação do Mercosul, e são poucos os tratados que o bloco sul-americano conseguiu firmar até hoje.
Os críticos desta política apontam que ela produz poucos resultados e o Brasil perde tempo com negociações infindáveis, ao passo que nações como Chile, Peru, Colômbia e México adotam uma postura mais pragmática, são mais abertos ao comércio e mais agressivos na busca por acordos.
O diretor geral do Departamento de Desenvolvimento Econômico de Dubai, Sami Al Qamzi, disse, de acordo com o Khaleej Times, que o comércio do emirado com os países da Aliança cresceu em média 34% ao ano desde 2008, sendo que no mesmo período o comércio de Dubai com o mundo avançou 8% em média.


