Geovana Pagel
São Paulo – Entre 1997 e 2003, A América Latina Logística(ALL), hoje a maior operadora logística da América Latina, investiu R$ 550 milhões em melhorias em infra-estrutura no Brasil. Somente no ano passado foram R$ 90 milhões. Entre os investimentos de 2003 estão os R$ 65 milhões gastos na compra de 65 locomotivas para ampliar a capacidade de escoamento da safra 2004/2005, R$ 2 milhões para a construção de uma fábrica de vagões, que deve gerar 460 novos empregos até o final do ano, e R$ 1 milhão na reativação do ramal ferroviário que liga Morretes ao Porto de Antonina, no Paraná.
De acordo com o diretor-superintendente da companhia, Bernardo Vieira Hees, a recuperação dos 20 quilômetros de via férrea desativada pela Rede Ferroviária Federal (RFSA) desde 1986 permitirá à companhia absorver até 50% da demanda no transporte de cargas que circulam pelo porto paranaense, oferecendo uma opção logística completa aos clientes da companhia.
“A integração entre os modais gera o aumento da eficiência e a redução de custos na movimentação de mercadorias, uma solução que contribui para alavancar as exportações”, explica.
Até dezembro do ano passado foram movimentadas mais de 1 milhão de toneladas, com destaque para a exportação de siderúrgicos, agroflorestais e congelados, e a importação de granéis sólidos, principalmente fertilizantes e sal.
“A presença da ferrovia é de extrema importância para a retomada da movimentação de cargas por Antonina”, afirma o superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá Antonina (APPA), Eduardo Requião.
De acordo com o administrador, o ramal ferroviário viabiliza os planos de crescimento do Porto, que pode chegar a 100% no próximo ano. Em 2003, a movimentação em Antonina teve um crescimento de 65% em relação ao mesmo período de 2002.
A primeira operação da ALL pelo novo trecho foi com a Gerdau, um dos maiores grupos siderúrgicos do Brasil. Pelo menos metade das 20 mil toneladas de tarugos de aço exportados mensalmente pela empresa deve chegar ao porto por ferrovia e seguir de caminhão até o terminal privado de Ponta do Félix, onde ficam atracados os navios da Gerdau.
Anteriormente, toda a movimentação era feita por rodovia. “A solução intermodal trouxe para o cliente uma economia de 2,5% no custo do transporte”, revela Hees. O próximo alvo da ALL são os clientes no segmento de fertilizantes, frigorificados e madeira.
Fabricação de vagões
Sem deixar de lado o negócio da companhia, a ALL decidiu investir na fabricação de vagões para atender a demanda dos clientes. No ano passado a companhia gastou R$ 2 milhões em equipamentos e infra-estrutura para adaptar sua oficina de manutenção de Ponta Grossa e transformá-la em uma fábrica de vagões.
A intenção foi superar a deficiência da indústria ferroviária, que até dezembro contava com um único fabricante, a Amsted-Maxion, para atender a parte da demanda dos clientes, que chega a 1,5 mil novos vagões/ano.
O primeiro protótipo fabricado pela ALL foi um vagão graneleiro com capacidade para 80 toneladas, entregue em dezembro para a Bunge. Outro cliente em negociação é a Coimbra. A partir do segundo semestre de 2004 a produção deve chegar a até 75 vagões/mês.
Os investimentos da companhia compreendem mudanças na infra-estrutura, como a ampliação do galpão para 600 metros quadrados, instalação de pontes rolantes e equipamentos como guilhotina e dobradeira. A empresa também pretende ampliar o número de funcionários da fábrica de 30 para 490 até o final de 2004.
Investimentos em pátios
Para permitir maior fluxo de trens e, consequentemente, ampliar o volume transportado, a empresa também investiu R$ 2,5 milhões na construção de dois pátios para cruzamento e manobras nos municípios de São Francisco e Guaramirim, em Santa Catarina; na ampliação de outros dois em Ponta Grossa e Reserva, no Paraná; na ampliação de cinco e construção de mais um no Rio Grande do Sul, nos municípios de Cruz Alta, Rio Grande e Santa Maria respectivamente.
Terminais granéis
Em 2003, a empresa construiu terminais granéis em parceria com clientes que investiram R$ 100 milhões. Em Cruz Alta, com o grupo Bianchini, foi inaugurado o maior terminal do Rio Grande do Sul, com capacidade para estocar 90 milhões de toneladas de grãos, carregar 3.500 toneladas e 70 vagões/dia.
Em parceria com a Tuiuti Comercial de Insumos Agrícolas, iniciou a construção de um terminal intermodal, no Porto Seco, em Cacequi, Rio Grande do Sul, para transporte de grãos, com capacidade inicial para 9 mil toneladas. Conclusão prevista para 2005.
Em Maringá, Paraná, iniciou a ampliação da capacidade do terminal transbordo da Bunge de 110 vagões/dia para 340 vagões/dia. Na Usina Santa Terezinha começou a ampliação de capacidade do armazém atual e construção de novo armazém, com capacidade total de 400 mil toneladas. Previsão de conclusão para junho de 2004.
Também em Maringá, a parceria com a ADM permitiu a construção de armazém e moegas de carregamento e descarga de fertilizantes e calcário. Capacidade para 300 mil toneladas. Previsão de conclusão para o segundo semestre de 2004.
No interior paulista, em Ourinhos, a parceria com a Fertipar permitiu a construção de um terminal de carga e descarga de fertilizantes, granéis e ensacados – transbordo e armazenagem de soja, farelo de soja, milho e trigo, além de fertilizantes e calcário.
Terminais intermodais
Ainda dentro dos investimentos em parceria com clientes, foi iniciada a construção de um armazém de 700 m2, em Tatuí, São Paulo, para ampliar em 40% a capacidade de armazenagem, na reforma do pórtico (ponte rolante) para ampliar a capacidade e movimentação para 150 vagões/dia, ampliação da linha ferroviária da moega e duplicação de 20 para 40 vagões/dia, e na construção de balança ferroviária para duplicar o fluxo de caminhões de 100 para 200/dia.
Em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, foi construída uma retorárea não alfandegada para armazenagem de contêineres para ampliar em 50% a capacidade de transbordo para 30 vagões/dia, e na ampliação da ponte rolante para ampliar em 20% a movimentação de contêineres.
Na capital gaúcha, Porto Alegre, foi realizada a drenagem e construção de piso externo e construção de armazém com capacidade para 3,5 mil toneladas/mês.
Já no município paranaense de Araucária, foi providenciada a ampliação de armazém móvel em parceria com a Compager, de 4,8 mil toneladas para 7,5 mil toneladas.
"Os investimentos da ALL refletem na qualidade dos serviços prestados, tanto no modal ferroviário como no rodoviário, e na ampliação do volume transportado, que foi de 11,3 milhões em 1997, ano da privatização, para 23 milhões de toneladas em 2003”, afirma o diretor de Relações Corporativas da ALL, Pedro Roberto Almeida.
Segundo ele, este resultado permite que um número cada vez maior de clientes aposte na empresa. “Prova disso é o investimento de mais de R$ 100 milhões, a compra de vagões e construção de terminais ao longo da malha ferroviária", completa.
O grupo ALL
A empresa iniciou suas atividades em março de 1997 como Ferrovia Sul Atlântico, ao vencer o processo de privatização da malha ferroviária sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Em dezembro de 1998, por meio de um contrato operacional, passou a operar também o trecho sul de São Paulo.
Em agosto de 1999 adquiriu as ferrovias Argentinas MESO e BAP, dobrando a extensão de sua malha e passou a adotar o nome América Latina Logística. Em julho de 2001, integrou a Delara, uma das maiores empresas de logística do país, tornando-se a maior do setor na América Latina.
Hoje a empresa possui uma estrutura consolidada que conta com 15 mil quilômetros de vias férreas no Brasil (sul de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e Argentina, uma frota com cerca de 3 mil veículos entre próprios e agregados, 615 locomotivas, 17 mil vagões, 160 road railers (carretas bimodais que trafegam na ferrovia e na rodovia) e grandes áreas em pontos estratégicos para armazenagem e construção de centros de distribuição.
Em 2003, a receita operacional bruta da companhia, incluindo as operações do Brasil e da Argentina, foi de R$ 990,4 milhões, 21% maior em relação ao ano anterior, quando o faturamento foi de R$ 821,4 milhões.
Serviços
A ALL oferece serviços como desenvolvimento de novos projetos logísticos especiais e customatizados, movimentação nacional e internacional, distribuição urbana, coletas milk run, gestão completa de armazéns, centros de distribuição e estoques.
Presta serviços de transporte para os mais diversos segmentos: commodities agrícolas e fertilizantes, combustíveis, construção, madeira, papel, celulose, siderúrgicos, higiene e limpeza, eletroeletrônicos, automotivo e autopeças, embalagens, químicos e petroquímicos, bebidas, entre outros.
São mais de 80 unidades espalhadas nas principais cidades do Brasil, Argentina, Chile e Uruguai, localizadas em pontos estratégicos de embarque e desembarque de carga.
Contato
www.all-logistica.com

