São Paulo – “Conseguimos nos colocar no lugar dessas pessoas que passaram por esse conflito. E no final da produção, pensamos em formas de acabar com o conflito.” A frase é de Debora Castro, que cursou o 9º ano no Colégio Marista, em Goiânia, capital de Goiás, no ano passado. Durante as aulas, uma das atividades propostas por dois professores envolveu um estudo detalhado de uma questão delicada: o conflito na Síria. O projeto resultou em cartas que os estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental produziram e enviaram à Organização das Nações Unidas (ONU). Nos textos, os alunos destacaram os interesses políticos dos países envolvidos na guerra.
Os textos foram desenvolvidos após uma prova de redação, baseada no Enem. A ação foi proposta e orientada pela professora de Redação, Sara Castro, e o professor de Geografia, Dallys Dantas. Hoje os alunos cursam a 1ª série do Ensino Médio. “Eu já tinha abordado temas de conflitos, mas não havia chegado a essa proposta prática e nem com essa profundidade. Achei o máximo! Eles se surpreenderam. Eu via isso e é só motivo de satisfação”, comemorou Dallys Dantas.
A disciplina de geografia já abordaria questões de conflitos, mas o docente decidiu se unir à Castro para uma atividade que envolvesse, de fato, os alunos. “O conflito na Síria já envolve diversos pontos por sua dimensão e, inclusive, outros países, por isso resolvemos abordá-lo”, explicou Dallys Dantas.
O professor também justificou a escolha da ONU como destinatário das cartas. “Durante as pesquisas, vimos que a ONU teria que ser um agente importante para mediar o conflito por motivos de segurança, só que isso não está sendo feito com êxito pelo seu Conselho de Segurança. Então, procuramos entender por que não está sendo feito, quem são os representantes do conflito, quais são os interesses”, analisou o professor.
O trabalho incluiu leituras e discussões de referências como relatórios do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur); o documentário britânico ‘Os Capacetes Brancos’ (2016); e reportagens dos veículos internacionais El País (Espanha), BBC News (Inglaterra), Deutsche Welle (Alemanha).
“A atividade se pautou em dois objetivos centrais: fortalecer o protagonismo do estudante marista e, sobretudo, chamar a atenção das Nações Unidas para a questão Síria, evidenciando a dimensão humanitária que o assunto encerra”, completou Sara Castro.
Ao longo de dois meses, os estudantes também realizaram debates sobre quem são os países envolvidos e qual o conflito está acontecendo com relação aos aspectos políticos entre o atual presidente e opositores. Os professores veem um balanço positivo de aprendizado para os alunos. “Eles já sabiam do conflito porque está na mídia desde 2011. Mas não entendiam os porquês e nem conheciam a fundo as reais implicações disso, ou o número de refugiados, por exemplo”, declarou Dantas.
Agora, o professor de Geografia quer abordar estes países de novas formas. “Nós discutimos o impasse entre Israel e Palestina, especialmente a questão da Faixa de Gaza e quanto a população sofre por estar encurralada ali naquele pequeno espaço. Mas, agora, quero trabalhar também com fontes que mostrem pessoas de países do Oriente Médio com outra abordagem, sair um pouco desses estereótipos”, concluiu.