São Paulo – Investimentos e estabelecimento de empresas entre países são sinais de uma relação de confiança. Foi o que disse o ex-ministro de Relações Exteriores da Costa Rica, Manuel Gonzalez, durante mesa-redonda virtual de negócios entre Emirados Árabes e América Latina nesta quarta-feira (09). “Não foi fácil abrir as portas no início, mas vejo que a relação entre Emirados e América Latina está crescendo, o ministro de Relações Exteriores dos Emirados, Abdullah bin Zayed Al Nahyan, está fazendo um ótimo trabalho”, disse Gonzalez. Na foto acima, em sentido horário, Rafael Solimeo (topo à esq.), Manuel Gonzalez, Carlos Salas e Lorenzo Jooris.
O ex-ministro afirmou que, por razões geopolíticas, a América Latina e o Caribe são vistos como uma região única, e apesar do idioma espanhol em comum, com exceção do Brasil, essa é uma região muito diversa e os países são muito diferentes entre si.
Para Gonzalez, a Costa Rica tem diversos atrativos para investimentos estrangeiros, como acordos de livre comércio com vários países, não há dupla taxação, há tratados para a proteção dos investimentos, entre outras facilidades legais. “Queremos investimentos do Oriente Médio em nosso país, que estabeleçam uma sede permanente para criar empregos e mostrar que estão aqui a longo prazo, criando um vínculo com o país. Investimento, para mim, é um dos mais importantes tipos de relação de negócios, demonstra confiança”, disse.
O chefe do escritório da Câmara de Comércio Árabe Brasileira em Dubai, Rafael Solimeo, que também participou da mesa-redonda, concordou com Gonzalez. “Se você quer vender algo a alguém é importante mostrar que está comprometido e você mostra comprometimento estabelecendo uma empresa naquele país”, disse Solimeo.
Segundo ele, o Brasil e toda a América Latina são conhecidos por exportar muitas commodities e talvez seja o momento de diversificar essa pauta. “Eu diria que precisamos pensar mais nos produtos finais com valor agregado, como produtos alimentícios, café, eletrônicos, entre outros. Há muitas oportunidades não só em Dubai e Abu Dhabi, mas em cada um dos sete emirados, que são muito diferentes entre si”, contou.
Ele lembrou que muita gente até hoje acredita que Dubai é um país, quando é apenas um dos sete emirados. “É preciso estar comprometido e conhecer o país”, disse. Ele deu como exemplo a fábrica da BRF, de processamento de proteína animal, que tem sede em Abu Dhabi. A gigante brasileira também comprou fábrica na Arábia Saudita e leva adiante projeto para abrir outra unidade produtiva no país.
Desafios para o Chile
O comissário de Comércio da Embaixada do Chile nos Emirados Árabes Unidos, Carlos Salas, também participou da conversa. Para ele, todos os países estão preocupados em retomar suas economias com a pandemia de covid-19, e o Chile tem alguns desafios a superar para aumentar sua participação no mercado dos Emirados, como a distância, o fato de estar voltado ao Oceano Pacífico, enquanto Brasil e Argentina têm costa no Atlântico, além do fuso horário e de diferentes dias úteis (o fim de semana nos países de maioria islâmica é sexta-feira e sábado). “O ideal é que os empresários chilenos e latino-americanos venham aos Emirados Árabes para conseguir prosperar nos negócios aqui na região”, afirmou Salas.
Segundo ele, ainda não há grande presença de empresas chilenas nos Emirados, mas existem três empresas estabelecidas em zonas francas e tradings de frutas frescas. “Nós produzimos e exportamos aos Emirados maçãs, uvas, kiwis, ameixas, e temos investimento dos sauditas. Nossa estratégia é mostrar mais do nosso país e prospectar novos investimentos de países da região durante a Expo 2020 Dubai”, disse. Ele afirmou que o Chile pretende ganhar mais mercado na região no setor alimentar e também mencionou o mercado de energia limpa como uma oportunidade de negócios entre os países.
Conexão com os sete emirados
Para Solimeo, o principal objetivo do Brasil em relação aos Emirados Árabes este ano é “tocar e conectar os sete emirados ao Brasil”. Ele também disse que o País está trabalhando sua atuação na Expo 2020 Dubai. “Além disso, vamos manter e desenvolver os produtos que já temos estabelecidos, manter a consistência dos embarques e também investir mais nos produtos de alto valor agregado, e quem sabe até no setor de franquias, serviços, halal, há muito o que explorar”, falou.
O executivo enfatizou que os brasileiros e latino-americanos precisam criar uma relação de confiança com os árabes e ir além, superar as expectativas. “Temos que estar aqui [nos Emirados] para fazer negócios, ou vamos deixar um espaço aberto para a concorrência, e não queremos isso”, disse.
A mesa-redonda foi conduzida pelo empresário Lorenzo Jooris, CEO da Creative Zone, dos Emirados, que promoveu o encontro. Jooris ofereceu os serviços da Creative Zone para os empresários interessados em iniciar negócios em Dubai.
Assista o evento completo (em inglês).