Dubai – O mercado de produtos halal pode ser um bom alvo para as exportações dos países da América Latina ao Oriente Médio, afirmou nesta quarta-feira (28) Mohamed Badri, secretário-geral do Fórum Internacional de Acreditação Halal (IHAF, na sigla em inglês). Ele foi um dos palestrantes do Fórum de Negócios Globais da América Latina (GBF, na sigla em inglês), evento organizado pela Câmara de Comércio e Indústria de Dubai (Dubai Chamber) no hotel Atlantis The Palm, em Dubai.
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O IHAF, de Badri, busca a uniformização das certificações halal, para reduzir a burocracia e os custos de documentação para comprovar que os produtos estão dentro das normas exigidas pelos muçulmanos. Segundo ele, o consumo de produtos halal superará a cifra anual de US$ 6 trilhões nos próximos anos – e essa padronização pode ajudar a reduzir os custos de produção e o preço ao consumidor final.
“Não temos apenas alimentos halal, existem também produtos farmacêuticos, maquiagens, de vestuário. Tudo isso a América Latina produz e pode usar Dubai como um canal de distribuição halal para os outros países muçulmanos da África e Ásia”, disse o executivo, justificando a escolha do emirado por conta de sua infraestrutura.
Para o presidente da Dubai Chamber, Hamad Buamim, o papel que Dubai pode desempenhar para os países da América Latina deve ser mesmo o de um canal de distribuição para essas regiões, mas não só de produto halal. Com isso, os países latino-americanos poderão melhorar seus negócios na Ásia e na África.
“Os Emirados Árabes Unidos estão abertos para negócios, oferecem zonas francas. É fácil e conveniente”, acrescentou Ahmed bin Sulayem, presidente-executivo da Dubai Multi Commodities Center (DMCC), autoridade que regula o comércio de commodities no emirado. Segundo ele, o DMCC e a América Latina devem trabalhar em conjunto para ampliar o comércio de produtos, uma vez que, por conta das condições e características climáticas, muitos itens não podem ser produzidos no país árabe a custos competitivos.
Sulayem adiantou que Dubai quer se tornar protagonista no setor de café para o Oriente Médio e para isso conta com a ajuda da América Latina. O presidente-executivo disse que está nos planos do emirado abrir um Centro Nacional de Café, para agregar valor ao produto importado dos países latino-americanos.
Estratégia semelhante traçou a One Foods, subsidiária criada no ano passado pela BRF para o mercado halal. O diretor-geral da divisão, Patricio Rohner, disse que a nova área foi criada para a empresa ficar mais próxima de seus consumidores e a escolha de Dubai como sede foi estratégica.
A ideia da One Foods é importar a carne de frango de suas agroindústrias brasileiras e processar hambúrgueres, nuggets e outros derivados nas unidades do Oriente Médio. “O mercado halal é um mercado em crescimento”, ponderou o executivo.
Startups
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O brasileiro Eric Acher, co-fundador e sócio-gerente da Monashees, fundo de capital de risco especializado em investir em empresas embrionárias, afirmou em seu painel no GBF que o setor está crescendo no Brasil. Segundo ele, em 2010 os fundos de capital de risco somavam US$ 90 milhões em ativos, valor que subiu para US$ 1,1 bilhão em 2016. “Esperamos que esse valor dobre agora”, disse.
Como exemplo de uma startup nascida no Brasil com história de sucesso, Acher citou o aplicativo de mobilidade urbana 99. Nascido com o nome de 99 Taxi há quatro anos, a empresa é considerada o primeiro “unicórnio”, nome que dão às startups com valor superior a US$ 1 bilhão, brasileiro – a empresa chinesa Didi Chuxing comprou a 99 em janeiro deste ano por este valor.
De acordo com Acher, há muitas outras empresas embrionárias brasileiras com grande potencial. “Problemas são oportunidades aos olhos de empreendedores”, afirmou.
O fórum terminou nesta quarta-feira, após dois dias de apresentações e debates. A Câmara de Comércio Árabe Brasileira participou por meio do seu executivo de Negócios Internacionais, Rafael Solimeo.