Geovana Pagel
São Paulo – Um convênio de cooperação que beneficiará pequenas e médias empresas paulistas fabricantes de artefatos de borracha, foi assinado ontem (15) pelo presidente da Agência de Promoção das Exportações do Brasil (Apex-Brasil), Juan Quirós, e o Sindicato da Indústria de Artefatos de Borracha do Estado de São Paulo (Sindibor), Edgard Solano Marreiros.
Com investimentos de R$ 1,4 milhão e ações de promoção como a participação em feiras internacionais, o setor espera aumentar as exportações ainda em 2004. O objetivo é expandir de 17 para 25 o número de empresas exportadoras no estado, o que deve resultar em um aumento das exportações em artefatos de borracha de U$ 560 mil para US$ 610 mil.
O mercado de borracha no Brasil gera 41 mil empregos diretos, 25 mil só no estado de São Paulo, e possibilita a ocupação indireta de 110 mil profissionais. Outra meta estabelecida no acordo é que em 2004 sejam abertas 1.164 novas vagas entre as 22 empresas participantes e em 2005 outros 1.257 novos postos de trabalho.
Com cerca de 1.400 empresas, 90% de pequeno porte, o setor nacional de artefatos de borracha apresentou em 2003 um resultado líquido de US$ 1,37 bilhão, dos quais 10,3% obtidos com a exportação.
“Esta parceria é um avanço, uma conquista muito importante. Espero que a gente consiga fazer o setor entender que exportar não é mais um bicho de sete cabeças”, declarou Edgard Solano Marreiros, presidente do Sindibor, que hoje conta com 152 empresas associadas.
“Este convênio não só é uma prova da confiança do país na industrialização de artefatos como também significa uma nova era de investimentos, obtenção de padrões de qualidade internacional e, ainda de representatividade de ganhos de produtividade”, afirmou o presidente do Sindibor.
Juan Quirós, presidente da Apex-Brasil, disse que a agência vem apoiando setores importantes da economia brasileira, com alto valor agregado e com alto potencial de participação na pauta de exportações brasileira. “Fico feliz quando vejo um sindicato formado principalmente por pequenas empresas querendo exportar, porque nosso alvo é a pequena empresa”, afirmou.
“Trabalhamos para incorporar todos os fabricantes de artefatos de borracha no esforço de abordar novos mercados, consolidar os que já comercializam e contribuir para aumentar a geração de emprego e renda”, explicou Quirós.
Segundo ele, os projetos da Apex não são apenas prospecção de mercado. “É preciso preparar a empresa, planejar, qualificar a mão-de-obra. O empresário precisa entender o que vai acontecer com a empresa”, disse.
Mercados alvos
Os principais mercados que os empresários de artefatos de borracha pretendem atingir são Emirados Árabes Unidos, América Latina, Alemanha, França, Itália, Inglaterra, Estados Unidos, Angola e Nigéria.
O setor tem como principais clientes montadoras, empresas de reposição, de calçados, de mineração, de equipamentos elétricos, de entretenimento, da área de saúde, entre outros.
Os grandes empresários do setor e já tradicionais exportadores também estão incentivando o projeto. Saulo Pucci Bueno, proprietário da Amazonas, que exporta componentes para calçados (saltos, solados e placas de borracha) desde 1963, principalmente para América Latina, Estados Unidos, África e Ásia, quer ampliar as vendas para mercados potenciais, como Oriente Médio e África.
“Exportamos para o Egito, Jordânia, Líbano e Emirados Árabes há dez anos. Esperamos crescer pelo menos 10% principalmente nas vendas para os países árabes e África”, afirma.
A Amazonas tem capacidade de produzir 5 milhões de pares/mês (somente solados), em suas 14 unidades fabris, e gera 3.000 empregos diretos.
Primeiras ações
Entre as várias ações a serem empreendidas como parte do projeto estão a organização, análise e consolidação das informações da cadeia produtiva, prospecção de mercados, cursos de certificação dos processos e da qualidade, planejamento estratégico, promoção comercial e marketing.
O projeto começará a auxiliar nas negociações do setor a partir do próximo dia 27 de abril, quando um grupo de importadores de 30 países vem a São Paulo participar da Feira Internacional de Tecnologia, Máquinas e Artefatos de Borracha (Expobor) e da Feira Internacional de Tecnologia e Equipamentos para Reformas de Pneus (Recaufair), no Expo Center Norte em São Paulo. Serão realizadas rodadas de negócios entre os empresários e os representantes dos países convidados.
"O Brasil hoje é o país que mais tem certificações no mundo. Tenho certeza de que a inciativa de trazer estes compradores vai gerar mais negócios do que o previsto", afirmou o presidente do Sindibor.
Segundo ele, o setor tem mais de 3.000 itens de artefatos acabados de borracha, como mangueiras, guarnições de porta, passa fios, etc.
Promovidas pela Francal Feiras e patrocinadas pela Associação Brasileira da Indústria de Borracha (Abiarb) e pela Associação das Empresas Reformadoras de Pneus do Estado de São Paulo (Aresp), e Exporbor e a Recaufair vão reunir 1.400 empresas brasileiras das duas áreas, das quais 900 sediadas no estado de São Paulo.
A Expobor e a Recaufair, ambas na sua sexta edição, estão entre os mais importantes acontecimentos do ramo, pois possibilitam o intercâmbio de idéias e a apresentação das recentes inovações desenvolvidas pelas indústrias, fornecedoras e prestadoras de serviços. Em uma área de 6.000 metros quadrados, as feiras deste ano vão reunir 200 expositores e cerca de 12 mil visitantes.
Além das feiras no Brasil, o setor deve participar de uma feira em Frankfurt, na Alemanha, até o final deste ano.

