São Paulo – Criada em 1947 pelos irmãos Xavier e Lindolfo Braunger, a Xalingo, empresa brasileira de brinquedos, se destaca na América do Sul pela proximidade cultural e comercial com os demais países da região. Agora, quer conquistar a América Central. Bem estruturada nas exportações, a marca do Rio Grande do Sul, que vende para fora há quase 50 anos, também já fez negócios na Europa e África, com presença na Argélia, único país árabe da lista.
“Nosso plano estratégico é vender para toda a América Latina, porque ainda existem alguns países que não vendemos da América Central, por exemplo. Estamos bem estruturados em relação às outras empresas que vendem brinquedos da América Latina e temos poucos concorrentes na região”, conta Juan Pablo Pazos Dominguez, gerente de Produção da Xalingo (foto acima). “Vendemos para África e Europa esporadicamente. Mas o nosso forte são países da América do Sul, como Uruguai, Chile e Paraguai, por conta do acordo do Mercosul que favorece nossas vendas para a região”.
Dominguez explica que o plano estratégico deve durar até 2025. Depois desse período, vão focar as vendas nos países africanos, como o Egito. A intenção é comercializar os produtos através de representantes comerciais locais, como aconteceu nas exportações para Nigéria, Angola, África do Sul, Costa do Marfim e Moçambique.
“Depois da América Latina, o próximo mercado que nos interessa é a África por conta do nosso tipo de produto, que tem um custo benefício muito bom. Além disso, os africanos se identificam com os nossos produtos e fazem parte de um mercado que se parece com o da América Latina, que gosta de brinquedos. Já fomos bem aceitos em alguns países desse continente e esperamos que isso aconteça com outras nações”.
Entretanto, mesmo com expectativa positiva em relação ao mercado africano, Dominguez quer, antes de começar as vendas, investir em inovação. O gerente de produção da Xalingo conta que a marca brasileira também pode ganhar espaço em outras nações porque a China, grande produtora de brinquedos, não está conseguindo mais produzir para a demanda mundial da mesma forma que fazia antigamente.
“Antes da pandemia, de 10 brinquedos vendidos no mundo, oito eram fabricados na China. Agora tudo isso está mudando. Com uma presença importante como exportadora de brinquedos, a China abriu portas para nós. Conseguimos entrar em mercados que antes não tinham interesse em produtos brasileiros. Pudemos mostrar a qualidade do Brasil e fomos aceitos porque somos mais flexíveis. Por exemplo, não exigimos fazer vendas com quantidade mínimas”, explica Dominguez.
Com relação ao território nacional, a empresa tem 65 representantes comerciais que atendem todos os estados brasileiros, revendendo os produtos em lojas de brinquedos.
História da marca
Até 1959, a empresa hoje conhecida como Xalingo, tinha o nome de Xavier e Braunger e Cia Ltda. Mas com a chegada de Ingo Ebert, a razão social mudou e a partir de 1961, a marca passou a ser oficialmente Xalingo S/A Indústria e Comércio. O nome foi criado para homenagear os três sócios: XAvier, LINdolfo e InGO. Em 2020, a liderança da empresa familiar foi assumida por Rodrigo Ebert Harsteln, representante da terceira geração da família.
No começo, os brinquedos, que eram feitos de madeira, foram criados para ajudar o desenvolvimento social e intelectual das crianças, em Santa Cruz do Sul, município do Rio Grande do Sul. Duas décadas depois, a quantidade de máquinas aumentou e a empresa passou a criar brinquedos de plástico.
Em 1997 a Xalingo comprou sua primeira máquina de rotomoldagem para desenvolver peças de plástico grandes usadas em playground infantil. Um ano após, a marca resolveu diversificar sua atuação com a criação de peças plásticas mais genéricas usadas no agronegócio, como por exemplo, peças usadas para alimentar animais. Para dar conta da demanda, que vem de empresas nacionais, foi criada uma nova unidade de negócio, a Xalingo Soluções Industriais. Anos depois, passou a ser chamada de Agriplax.
No futuro a Agriplax pretende vender peças para países vizinhos: Argentina, Paraguai, Uruguai, Colômbia e México. Apesar dessa mudança, os brinquedos continuaram sendo o carro chefe da empresa.
Para atender os clientes nacionais e internacionais, a maior empresa de brinquedos do Rio Grande do Sul e uma das maiores do Brasil, conta com uma indústria de 36 mil metros quadrados, localizada em Santa Cruz do Sul, um parque fabril em Itupeva, São Paulo, de 5 mil metros quadrados, e desde 2020, possui um centro de distribuição em Barra Velha, em Santa Catarina, para operar sua linha crescente de produtos importados voltada ao mercado de brinquedos. Quase 90% da produção dos brinquedos é feita em solo nacional e o restante é importado da China.
Atualmente, a empresa brasileira possui mais de 50 máquinas de transformação de plástico, entre sopro, injeção e rotomoldagem, com grande capacidade produtiva, e aproximadamente 540 colaboradores.
Reportagem de Rebecca Vettore, especial para a ANBA