São Paulo – Mais de 2,5 mil compradores de cerca de 60 países circulam pelos corredores da Couromoda, feira de calçados e artigos de couro que ocorre até quinta-feira (19) no Expo Center Norte, em São Paulo. Eles têm à disposição milhares de modelos de bolsas, cintos, peças de vestuário e calçados – o principal artigo da exposição -, produzidos por empresas brasileiras.
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), no ano passado o Brasil exportou 126,17 milhões de pares de sapatos, somando US$ 999 milhões em receita, números superiores a 2015 em volume (1,7%) e em valores (4%).
As compras dos países árabes, porém, seguiram trajetória oposta e registraram queda de 21,9% na mesma base de comparação, respondendo por 3,8% dos embarques brasileiros, de acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços compilados pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
Na edição deste ano, mais de dez compradores convidados pela organização da feira são de países do Oriente Médio, e dois visitam a Couromoda a convite da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e Abicalçados, por meio do projeto Comprador VIP – que promove uma agenda de negócios mais personalizada ao visitante.
Walid Tarabey é um desses compradores VIPs. Visitando pela primeira vez o Brasil, o libanês radicado em Dubai se impressionou com a qualidade e diversidade dos calçados nacionais. “É impressionante. O ambiente é muito bom, os brasileiros são muito profissionais. Me sinto bem em negociar com eles”, afirmou, em entrevista à ANBA durante a Couromoda.
Comprador independente, Tarabey agendou nada menos do que 35 visitas durante a feira, para conhecer os mais diversos tipos de sapatos femininos, masculinos e infantis, mas sempre buscando itens confortáveis e que atendam às classes mais altas – uma de suas lojas está localizada no Dubai Mall, maior centro de compras do emirado. Segundo ele, o potencial para os produtos brasileiros é muito bom.
Mas o comprador não quis dizer quanto pretende gastar nessa visita ao Brasil. Sua intenção, na verdade, é comprar alguns produtos para testar tanto a aceitação deles com o público dos Emirados Árabes Unidos quanto a parte burocrática, como documentação e logística. “Como nunca comprei nada no Brasil, preciso aprender como funciona”, explicou.
Segundo Roberta Ramos, gestora de projetos da Abicalçados, é cada vez mais comum os negócios não serem fechados durante a feira. “Aqui as negociações começam e as conversas se estendem depois”, explica. A associação promete fazer, ao fim da Couromoda, um balanço dos valores gerados a partir da feira, mas não faz nenhum prognóstico.
Tarabey seguirá este caminho. Por enquanto não fechou nenhum negócio, mas conseguiu abrir portas em empresas brasileiras. Está nos seus planos, inclusive, voltar ao País no futuro para conhecer algumas fábricas de calçados.
“Eu sou libanês e sempre agradeço ao povo de Dubai por me acolher e abrir oportunidade para eu fazer negócios lá. Agora agradeço também ao povo brasileiro, por me trazer aqui para conhecer a indústria de calçados e dar a chance de construir negócios em conjunto”, disse Tarabey, antes de se despedir da reportagem. O árabe tinha um pouco de pressa: antes de seguir sua longa agenda, queria passar na área de alimentação para degustar uma tapioca.


