São Paulo – Países árabes do Norte da África, como Egito, Líbia e Argélia, deverão contribuir para a recuperação das exportações de carne bovina brasileira em 2010, afirmou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), Roberto Giannetti da Fonseca, em entrevista à ANBA, após uma coletiva na sede da entidade.
Fonseca relata que as exportações para o Egito, um dos cinco maiores compradores da carne bovina brasileira, caíram em decorrência da crise neste ano, mas começaram uma recuperação no segundo semestre deste ano. "Eu acredito que em 2010 nós vamos ter os mesmos volumes ou, quem sabe, até um pouco mais de volume em relação a 2008, antes da crise", destacou.
Segundo ele, Líbia e Argélia também compõem importantes mercados para a carne brasileira, cujo maior comprador, a Rússia, importou 17% a menos em volume e 39% a menos em valores entre janeiro e novembro de 2009 na comparação com o mesmo período do ano anterior. "É uma área muito importante que a carne brasileira conquistou e pretendemos manter crescente, porque é um mercado de centenas de milhões de pessoas e que nós queremos como importante destino da carne brasileira", ressaltou Fonseca sobre os países árabes do norte africano.
De janeiro a novembro deste ano, o Egito importou 12% a mais em volume de carne in natura do Brasil, enquanto a importação do Líbano, no Oriente Médio, cresceu 32%. Já na importação de carne industrializada, a Jordânia apresentou o aumento mais expressivo entre todos os países, 76% em volume e 78% em valores. No geral, as exportações caíram 25% em receita, para US$ 3,7 bilhões, e 12% em volume para 1,1 milhão de toneladas.
Durante a coletiva, Fonseca destacou que as exportações de carne estão em um momento de recuperação. Ele afirmou que em 2010 haverá uma melhor rentabilidade para o setor. "Estamos convictos de que a crise já passou". Para o próximo ano, Fonseca diz esperar um aumento de 10% no volume e entre 10% e 20% no valor da carne exportada.
Em relação à produção de carne no país, o presidente da ABIEC informou que em cinco ou seis anos, será necessário aumentá-la dos atuais nove milhões de toneladas para cerca de 14 milhões de toneladas, para que o país possa dar conta de sua demanda interna e externa. Atualmente, dois milhões de toneladas do total de carne produzida no país são dedicadas à exportação.
Outro ponto abordado por Fonseca foi a lei que obriga a rastreabilidade do gado brasileiro. Aprovada em novembro deste ano, ela impõe aos criadores a prática sustentável da pecuária, e também de cuidados sanitários, com o objetivo de garantir que os bois não sejam criados em áreas de desmatamento, por exemplo.
Para Fonseca, o cumprimento da lei deve oferecer um diferencial entre os criadores legais e os ilegais. "Os pecuaristas que quiserem alcançar o mercado internacional e trabalhar com os membros da Abiec terão que atender às nossas exigências [de rastreabilidade do gado]", afirmou. "Temos que ter uma pecuária moderna, sustentável e produtiva".