Randa Achmawi
Cairo – Os árabes querem digitalizar o seu patrimônio cultural. O tema foi discutido durante um encontro, na última semana, organizado pelo Centro de Documentação do Patrimônio Cultural e Natural (Culnat) da Biblioteca de Alexandria em cooperação com a Liga Árabe, o Ministério de Telecomunicações, Tecnologia e Informação do Egito e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O tema da reunião, que ocorreu no Egito, foi a preservação da cultura árabe.
Entre as ações propostas estão a produção de cópias informatizadas de material sobre a cultura árabe, publicação de livros digitais, como em CD, sobre o patrimônio árabe, e aumento do conteúdo disponível sobre o tema na internet. "A presença árabe na internet é relativamente fraca no que diz respeito a sites sobre o seu patrimônio. A maioria de sites que abordam e difundem o patrimônio árabe o faz geralmente em inglês ou outra língua. Raramente é feito em árabe " diz o diretor do Culnat, Fathi Saleh.
Participaram do encontro instituições e fundações dos paises árabes que trabalham nas áreas de documentação e publicação do patrimônio cultural. Estiveram representados cerca de dez países, entre eles Egito, Arábia Saudita, Sudão, Tunísia e Iêmen. "O objetivo da reunião foi a busca de meios para a criação de um projeto, que deverá ser implementado sob a égide da Liga Árabe, para a informatização do patrimônio árabe, um dos mais importantes tesouros que possui nossa região, berço das civilizações. Devemos deixar para futura gerações uma herança que seja como nossa antiga e impressionante civilização", afirmou Saleh.
O projeto piloto se chama "A Memória do Mundo Árabe", cuja idéia foi lançada no primeiro ateliê sobre o assunto, em novembro de 2005. No primeiro workshop a principal conclusão foi a necessidade de um trabalho conjunto de documentação na região. Em um segundo encontro, em outubro do ano passado, o tema foi novamente abordado e os organismos presentes apresentaram seus trabalhos com o uso da tecnologia de informação na documentação de memórias coletivas.
No ateliê deste ano, porém, foram discutidos os esforços e estratégias dos países árabes para melhorar seus conhecimentos neste setor. Nele cada país participante expôs sua experiência nesta área, o que revelou uma série de projetos já finalizados durante este espaço de tempo. O Egito, por exemplo, apresentou os projetos executados pela Culnat, como o mapa arqueológico do Egito, a documentação do patrimônio arquitetônico do país, os manuscritos científicos da época islâmica, a memória fotográfica do Egito, seu patrimônio musical e o folclore egípcio.
"A prioridade da Culnat é se concentrar no patrimônio egípcio, nos adotamos, entretanto, outros projetos de documentação de patrimônio em cooperação com outras instituições e organismos internacionais e regionais" ressalta Saleh.
A Arábia Saudita, por sua vez, apresentou seu projeto piloto sobre os arquivos nacionais de fotos históricas. "A idéia deste projeto consiste em documentar quase 67 mil fotos históricas dos arquivos de nosso país, através de sua restauração e sua conversão à forma digital", explicou o diretor geral da Fundação Al -Torath (o Patrimônio) em Ryad, Zaher Osman. De acordo com ele, o trabalho será feito em duas etapas, 27 mil fotos e imagens na primeira e 40 mil na segunda.
"Estas são fotos extremamente raras e muito importantes que reúnem, entre outros, imagens de manuscritos e documentos ligados à grande peregrinação, às duas grandes mesquitas sagradas Al-Haram de Meca e de Medina e aos arquivos do Alcorão, representando as diferentes fases do desenvolvimento dos manuscritos do Alcorão, através dos diferentes períodos da era Islâmica", explica Osman.

