Marina Sarruf, enviada especial
Brasília – O encontro empresarial que começa hoje em Brasília, como parte da programação paralela à Cúpula América do Sul – Países Árabes, será uma oportunidade para atrair investimentos árabes ao Mercosul e aumentar o comércio com a região. Cerca de 820 empresários -entre árabes e sul-americanos – participarão do evento, segundo dados do Itamaraty.
"O Brasil já tem um comércio com os árabes de US$ 8 bilhões e podemos expandir para US$ 15 bilhões em dois anos", afirmou o diretor do departamento comercial do Itamaraty, Mario Vilalva.
De acordo com Vilalva, a meta é atrair mais investimentos principalmente da região do Golfo, onde, segundo o diplomata, há excedente de capital. O embaixador afirma que os árabes costumam investir em infra-estrutura, agricultura e turismo. "Eles estão investindo em turismo dentro e fora do seus países e o Brasil precisa muito disso", afirma.
As delegações de empresários que podem impulsionar as relações comerciais entre as duas regiões começaram a desembarcar no final de semana na capital brasileira. O diretor geral da importadora Nails Import, Kamel Benbrahim, é um dos 30 empresários que compõe a delegação argelina. Eles vieram para o Brasil dispostos a negociar.
"Tenho muito interesse em importar principalmente soja, trigo e milho", afirmou Benbrahim, que já importa da Argentina, Estados Unidos, Ucrânia, França, Bélgica e Alemanha. Segundo ele, a Nails Import está interessada em conhecer as ofertas e a qualidade dos produtos brasileiros. "Queremos importar grandes quantidades, mas é preciso ver também as questões de transporte para a Argélia", completou.
De acordo com o embaixador do Brasil na Argélia, Isnard Penha Brasil Júnior, os empresários argelinos também têm interesse em importar máquinas nacionais.
Goma arábica
Outra delegação árabe que deve chegar hoje no Brasil é a do Sudão, composta por nove empresários. Segundo o diplomata Mohamed Isa Edam, da embaixada do Sudão em Brasília, os sudaneses irão apresentar na feira as oportunidades de investimentos no país árabe, principalmente nas áreas agrícolas.
"Os empresários sudaneses querem conhecer o know-how brasileiro em tecnologia agrícola e produção animal, por exemplo. A intenção é formar parcerias", disse Edam.
Segundo o diplomata, os empresários do Sudão também deverão mostrar aos brasileiros a goma arábica, que é utilizada para a produção de refrigerantes, comidas, cosméticos e medicamentos. "O Sudão tem 8% da goma arábica do mundo. Exportamos muito para a Europa, que depois vende para o Brasil. Poderíamos exportar direto”, explica.
Seminários
Durante a feira de investimentos haverá um seminário de abertura para os empresários, chamado "América do Sul – Países Árabes: construindo uma nova parceria", além de painéis sobre a cultura dos negócios comerciais nas duas regiões, os fluxos de comércio, oportunidades de investimentos, turismo como intercâmbio cultural, entre outros.
A feira, que será realizada no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, começa a partir das 9h da manhã. O encerramento é na quarta-feira (11).