São Paulo – Além dos maiores mercados do Brasil no mundo árabe – Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Argélia e Marrocos -, outros países do Oriente Médio vêm mostrando potencial para se consolidar como grandes destinos das mercadorias brasileiras na região. São os casos do Líbano, Iêmen e Iraque, que têm mantido um crescimento sustentado em suas importações de produtos do Brasil.
As exportações para o Líbano, por exemplo, renderam US$ 159 milhões no primeiro semestre, um aumento de 38,1% em comparação com o mesmo período do ano passado. O desempenho, segundo levantamento feito pelo gerente de Desenvolvimento de Mercado da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rodrigo Solano, foi influenciado pelo embarque de carnes, especialmente carne bovina fresca e cortes de frango, e de bovinos vivos.
Vale lembrar que as exportações totais de carne bovina brasileira caíram no primeiro semestre e os cortes de frango são considerados produtos de maior valor agregado na avicultura. No caso do gado em pé, o Líbano já há alguns anos é um cliente fiel dos pecuaristas brasileiros e fica atrás apenas da Venezuela na importação dos animais, de acordo com informações do Ministério da Agricultura.
Houve influência expressiva também da exportação de vergalhões, já que no primeiro semestre do ano passado elas foram nulas, mas no mesmo período deste ano somaram US$ 12,4 milhões. O presidente da Câmara Árabe, Salim Taufic Schahin, destacou que o Líbano sempre foi um pólo de atração de investimentos, especialmente nos ramos de imóveis e bancos. “Os bancos libaneses cresceram mesmo com a crise”, ressaltou.
Para o Iêmen, as exportações brasileiras renderam US$ 155 milhões, um crescimento de 38,6% em relação aos primeiros seis meses de 2008. Nesse caso, o aumento dos embarques de açúcar, o principal produto da pauta, teve forte influência no desempenho. As vendas de carne de frango, segundo item mais importante, cresceram de forma expressiva em termos de volumes, mas as receitas dos embarques tiveram uma ligeira queda por causa da diminuição do preço do frango no mercado internacional.
O Iêmen tem se mantido entre os principais compradores de produtos agropecuários brasileiros no mundo árabe. O país que primeiro cultivou o café em escala comercial e, a partir do Porto de Mohka, no Mar Vermelho, disseminou a bebida pelo mundo, hoje não produz alimentos suficientes para abastecer sua população e depende das importações.
Já o Iraque importou o equivalente a US$ 96 milhões do Brasil no primeiro semestre de 2009, um aumento de 61% em comparação com o mesmo período do ano passado. O país foi um importante parceiro comercial do Brasil na década de 1980.
Só para dar uma idéia, as vendas brasileiras para lá somaram US$ 344 milhões em 1989, mas despencaram após a primeira Guerra do Golfo, em 1990, e só voltaram a um patamar mais alto após a retomada, pelo país, das exportações de petróleo em escala comercial, já na década atual. No ano passado, por exemplo, o Iraque embarcou ao Brasil o equivalente a US$ 1,3 bilhão em petróleo e, no primeiro semestre de 2009, as vendas da commodity do país árabe ao mercado brasileiro somaram US$ 307 milhões.
O aumento das exportações do Brasil ao Iraque foi influenciado principalmente pelos embarques de carne de frango. Segundo informações da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), o Iraque foi um dos mercados que mais cresceram no primeiro semestre, um avanço de 135% em comparação com os primeiros seis meses de 2008. Houve também crescimento nas vendas de carne bovina congelada e de bens de capital.
Mais emergentes
Outros mercados que podem ser considerados “emergentes” no mundo árabe, pois têm mantido um patamar relativamente alto de importação de produtos brasileiros, são o Kuwait, com compras de US$ 148 milhões no primeiro semestre, Bahrein (US$ 121,5 milhões), Síria (US$ 107,6 milhões), Catar (US$ 78,4 milhões), Líbia (US$ 71,6 milhões) e Tunísia (US$ 68,5 milhões). Todos eles, no entanto, reduziram suas importações do Brasil nos primeiros seis meses do ano, em níveis que variam de 4%, no caso da Síria, a 50%, no caso da Líbia.
Entre os mercados menores para o Brasil na região, destaque para o Sudão, que importou o equivalente a US$ 57,8 milhões no primeiro semestre, um aumento de 140% em relação ao mesmo período de 2008; e para a Mauritânia, cujas compras somaram US$ 48,5 milhões, um avanço de 168%.