São Paulo – Dois importadores do Egito e dois da Argélia participam dos três dias das rodadas de negócios promovidas pela Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo), durante a feira Hospitalar, que ocorre em São Paulo até está sexta-feira (28).
Ahmed Farouk, gerente geral da egípcia Medical Technology, conta que sua empresa está buscando equipamentos médicos para as áreas de cirurgia vascular e de cardiologia, além de produtos para intervenções periféricas, cirurgias gerais e ortopédicas.
"Ontem (26), encontramos pelo menos quatro empresas que têm boas chances de cooperação conosco, considerando seus produtos. A questão é que precisamos de certo tempo para registrar os suprimentos médicos no Ministério da Saúde egípcio", disse. A companhia egípcia já trabalha com equipamentos europeus e norte-americanos e, em sua primeira visita ao Brasil, espera encontrar novos parceiros.
"As empresas brasileiras começaram a mostrar uma qualidade superior, e a outra vantagem é que têm boas chances de competir com os preços europeus e norte-americanos. A qualidade brasileira é muito superior à dos chineses, tailandeses ou coreanos. Estamos ansiosos em iniciar os negócios porque temos um mercado muito grande, de dois mil hospitais", acrescentou Farouk.
Uma empresa brasileira que foi ao evento buscando o mercado egípcio é a Sismatec, fabricante de mesas e focos cirúrgicos. Flávia Rodrigues, gerente de Vendas Internacionais, conta que a companhia já tem negócios com os Emirados Árabes Unidos e participa da feira Arab Health, em Dubai, faz alguns anos, mas que o foco atual nos países árabes é entrar no mercado egípcio.
"Hoje o nosso foco é o Egito e os demais países da África, mas ainda há muita dificuldade na questão da legalização do equipamento no país e é por isso que a gente está aqui, para conhecer mais o mercado. Todo ano o Egito é o nosso grande desafio, quem sabe hoje sai alguma coisa.”
Procurando por equipamentos de fisioterapia e reabilitação, o diretor geral da empresa argelina 2A2 Medicalys, Aichaoui Abdenour, está pela primeira vez no Brasil em busca de negócios. Ele conta que já se interessou pelos produtos de duas das empresas brasileiras com as quais teve contato, a Carci e a Ibramed, e que “dará continuidade a estes contatos”. Ainda nesta quinta-feira, ele visitará a fábrica da primeira.
O representante da Carci, Persio de Almeida, conta que conheceu a empresa argelina durante a Arab Health e que está mantendo o segundo contato com o possível cliente. “Estamos começando, ainda não houve pedido, mas estamos estabelecendo uma primeira relação”, disse. A empresa já vende para Emirados, Tunísia, Sudão, Egito, Jordânia e Síria, e Almeida acredita que o mercado árabe possa render ainda mais negócios.
“É um setor bem promissor, e a cada ano tem ampliado mais a participação dos países árabes na nossa exportação. A meta é participar cada vez mais e, de repente, poder substituir um produto europeu ou americano por um brasileiro”, destacou.
A outra empresa argelina que participa da rodada é a TSM. Buscando por equipamentos cirúrgicos, como mesas de operação e esterilizadores, o gerente geral Boussad Saraoui já conversou com dez companhias brasileiras e acredita que haja “oportunidades muito importantes de comércio entre a Argélia e o Brasil”.
A fabricante de conjuntos odontológicos e cadeiras médicas Olsen já fornece seus produtos para a TSM há quatro anos. Márlya Câmara, trader da companhia brasileira, diz que a empresa argelina está entre seus três principais importadores. Durante a rodada, ela diz que dará seqüência aos negócios.
A Olsen também exporta para os Emirados, Arábia Saudita e Egito. Márlya vê o mercado árabe como “muito interessante” e onde “há muita coisa para ser feita”. “É um mercado em que o Brasil vem se inserindo cada vez mais forte”, destacou.
O presidente da empresa egípcia Medics, Ramez Sarkis, veio ao Brasil para encontrar equipamentos para unidades de terapia intensiva e para centros cirúrgicos. A Medics já compra de duas companhias brasileiras e está buscando novos fornecedores. “O Brasil tem uma qualidade muito boa e preços razoáveis. O preço é muito importante para o mercado egípcio”, declarou.
Marco Dias, gerente de Mercado Internacional da Indusbello, fabricante de produtos odontológicos e que está entrando agora na área hospitalar, conta que sua empresa já vende para os mercados da Jordânia e Omã. “Estivemos em uma feira em Dubai e fizemos muitos contatos”, disse.
“Hoje, principalmente na área odontológica, os chineses estão mandando muito material pra eles (os árabes), e nós vemos que o produto brasileiro tem muito mais qualidade a um preço acessível. Eles consideram o mercado brasileiro como alternativo e nós vamos buscar isso para abrir novos mercados”, afirmou Dias.
Para o diretor-executivo da Abimo, Hely Maestrello, esta edição da rodada de negócios está sendo muito positiva. “Eles (os compradores) ficaram surpreendidos com a qualidade dos produtos e a tecnologia. A gente crê que devem ser superadas todas as expectativas.” As rodadas reúnem 21 compradores de 14 países.

