São Paulo – O empresário Bachir Sarkis, de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, promete comprar móveis de luxo do Brasil. Ele está em São Paulo para visitar a 4ª edição da feira de inverno da Associação Brasileira das Indústrias de Móveis de Alta Decoração (Abimad), que acaba no sábado (30), no Expo Imigrantes. Bachir afirma que os móveis brasileiros têm qualidade semelhante aos que são expostos nas principais feiras do setor e que fazem sucesso entre os consumidores do Oriente Médio.
“O design dos móveis brasileiros é surpreendente. Quando vamos a Milão e visitamos os estandes, percebemos que alguns copiaram o projeto dos outros. Aqui, honestamente, não vejo isso. O design, a qualidade e o brilho das madeiras, o acabamento de vocês é impressionante”, afirmou Sarkis. Esta é a terceira vez que ele participa do evento. “Pretendo voltar aqui em todas as edições.”
Sarkis ainda não fechou negócios no evento e não deverá assinar contrato no Brasil. Mas disse que, assim que chegar em Dubai, deverá fazer uma encomenda de “não menos do que US$ 50 mil”.
Outro visitante dos Emirados é Muhammed Noufel. Seu escritório fica em Abu Dhabi, capital do país. Ele representa diversas empresas do setor e também se surpreendeu com o design dos móveis e objetos de decoração feitos no Brasil. “São bonitos. Os produtos que são utilizados também são muito apreciados por quem passa por Abu Dhabi”, disse.
Noufel não confirmou se fechará negócios no País, mas uma marca em especial o surpreendeu. “Gostei dos materiais da Companhia das Fibras.” A empresa produz tapetes e móveis com produtos reutilizáveis, como madeira de demolição e palha de bananeira.
A empresa exporta 20% da produção. Nada, por enquanto, para os países árabes. “Chile e Estados Unidos compram metade do que exportamos”, declarou o sócio da Companhia das Fibras, Alberto Dias. Ele revela, no entanto, que poderá fechar negócio com Noufel.
“Ele gostou muito dos nossos produtos, dos nossos tapetes”, ressaltou Dias. “A nossa matéria-prima é ambientalmente correta e também fazemos um trabalho social, porque a banana é vendida a R$ 0,15 por quilo após a colheita, mas compramos a palha da bananeira por R$ 30 o quilo” destacou. “Hoje, os estrangeiros valorizam produtos que sejam ambientalmente e socialmente corretos. Talvez agora possamos começar a vender para os árabes”, acrescentou.
Mercado
Tanto Noufel como Sarkis integram um grupo de 17 estrangeiros convidados para a feira pela Abimad. Na edição de inverno do ano passado, vieram oito estrangeiros. Responsável pelo departamento internacional da Abimad, Erik Fiuza estima que a associação investiu R$ 5 mil para trazer cada convidado. “Mas, na edição de fevereiro deste ano, eles fecharam US$ 2 milhões em compras durante. Calculamos que, pelos próximos 12 meses, a partir de fevereiro deste ano, eles comprem mais US$ 2 milhões. É um investimento que traz retorno depois do evento”, afirmou.
A feira da Abimad de julho é menor do que a de fevereiro, que já está na oitava edição e na qual os fabricantes de móveis de alta decoração costumam lançar suas coleções. O setor trabalha com mais qualidade, investimento em design e preço maior. Mesmo com o elogio dos árabes e o investimento da Abimad, as exportações de móveis já tiveram períodos melhores.
De acordo com o presidente da Abimad e diretor comercial da fabricante Butzke, Michel Otte, as vendas externas começaram a cair em 2005. “As exportações representavam 80% do que produzíamos. Agora, correspondem a 20%”, disse. Ele disse que o dólar fraco impõe a maior barreira para exportar, mas lembrou que não é a única. “Antes nós também tínhamos problemas de infraestrutura, de logística, dificuldade para exportar, mas isso era compensado no câmbio. Agora, o câmbio não permite mais isso”, declarou.
Por outro lado, o mercado interno compensa as perdas com o externo. “Também nos aproveitamos do ‘boom’ imobiliário. Muita gente que comprou imóvel há três anos, começa a receber as chaves e a decorar agora. Esperamos um mercado aquecido pelos próximos anos”, destacou.