São Paulo – A Arábia Saudita quer atrair investimentos brasileiros. Uma comitiva da Agência de Promoção de Investimentos da Arábia Saudita (Sagia, na sigla em inglês) está em São Paulo e visitará também o Rio de Janeiro durante esta semana para ter reuniões e conscientizar empresas de setores estratégicos sobre a possibilidade de investimentos no país árabe.
A comitiva de onze sauditas liderada pelo vice-presidente de Atração e Desenvolvimento de Investimentos da Sagia, Sultan Mofti, visitou a sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo, nesta segunda-feira (29). O vice-presidente de Relações Internacionais da Câmara Árabe, Osmar Chohfi, conduziu a visita e a reunião, e participaram também a gerente de Relações Institucionais, Fernanda Baltazar, e o diretor executivo da Câmara de Comércio Internacional (ICC), Gabriel Petrus.
“Nosso trabalho [na Sagia] é facilitar os investimentos e a ida de empresas estrangeiras à Arábia Saudita. Sabemos que existe um vácuo entre as oportunidades de investimento na Arábia Saudita e as empresas brasileiras que querem investir no exterior, por isso estamos aqui, para conscientizar as empresas destas oportunidades com a reforma no reino e o plano Visão 2030”, disse Mofti. O plano de desenvolvimento Visão 2030 da Arábia Saudita tem como um dos principais objetivos a diversificação da economia, para que o país não dependa tanto do petróleo.
O governo saudita está buscando investimentos estrangeiros em nove grandes setores: químicos, informação e tecnologia, energia e água, indústria e manufatura, saúde e ciência, setores emergentes, mineração e metais, transporte e logística, e turismo, cultura e entretenimento.
“Há empresas brasileiras querendo investir e expandir os negócios no exterior, e nós queremos que elas saibam que podem investir na Arábia Saudita e as facilidades que oferecemos; por exemplo, como resultado da reforma [Visão 2030], agora há setores na Arábia Saudita que podem ter 100% de capital estrangeiro”, contou Mofti.
A comitiva está fazendo visitas a empresas do setor de alimentos, processamento de alimentos, logística, mineração e metais, manufatura e bancos. “Os bancos têm uma visão ampla de investimentos do Brasil e queremos que eles saibam dessa informação e passem adiante para as empresas que querem investir no exterior, como uma oportunidade de negócios”, disse o vice-presidente da Sagia.
Para o diretor executivo da ICC no Brasil, Gabriel Petrus (foto do alto acima, à direita), o Brasil e a Arábia Saudita vivem momentos econômicos semelhantes. “Os dois países estão buscando se abrir mais ao mundo, diminuindo barreiras aos investidores, e estando mais inseridos nas cadeias globais”, afirmou. “No almoço, discutimos a possibilidade de a Arábia Saudita ser um hub de exportação do Brasil para a região do Oriente Médio, Norte da África e até Ásia”, disse Petrus.
Para o embaixador Osmar Chohfi, a Câmara Árabe pode fazer a ponte de informação entre o governo saudita e as empresas brasileiras. “É importante ressaltar que a Sagia é um dos órgãos mais importantes da Arábia Saudita para áreas de investimentos que eles consideram estratégicos e, nesse sentido, pode haver interesse de empresas brasileiras em usar essa facilidade de infraestrutura que a Arábia Saudita irá propiciar para estabelecer plataformas de exportação de produtos, não só para os sauditas, mas também pra outros países na região”, explicou. Entre os setores da indústria brasileira que podem ter interesse em estabelecer uma base no país do Oriente Médio, Chohfi listou agronegócio, mineração, siderurgia e infraestrutura.
De acordo com Mofti, a viagem ao Brasil é apenas o início de uma estratégia de negócios de longo prazo. “Negócios levam tempo, então essa visita é para conscientizar os empresários que existe essa oportunidade. Há uma missão de brasileiros para a Arábia Saudita marcada para novembro deste ano e nós, com certeza, voltaremos para cá em breve”, pontuou. A delegação fica no Brasil até domingo (05/05).