São Paulo – A Arábia Saudita autorizou a importação de material genético bovino e avícola do Brasil. O comunicado das autoridades sanitárias sauditas foi recebido segunda-feira (26) pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Estão autorizadas as exportações brasileiras de ovos férteis, pintos de um dia, embriões bovinos “in vivo”, embriões “in vitro” e sêmen bovino.
As negociações sanitárias começaram no 2º semestre de 2017 com base em ações de prospecção de mercados realizadas pelo Mapa junto ao setor agropecuário brasileiro. Foi identificada a oportunidade de exportação desses materiais para o mercado saudita. Na foto acima, fazenda de gado leiteiro na Arábia Saudita.
O Ministério de Meio Ambiente, Água e Agricultura saudita (Mewa, na sigla em inglês) aprovou os modelos de Certificado Zoosanitário Internacional (CZI) de material genético bovino e avícola do Brasil elaborados pelo Departamento de Saúde Animal (DSA) do Mapa. Em outubro, foi realizada uma missão técnica ao país árabe liderada pelo secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, Luís Rangel, com o diretor do DSA, Guilherme Marques, que contribuiu para o avanço nas negociações com as autoridades árabes.
“Estimamos um crescimento de 30% na exportação de material genético bovino para os países árabes em 2019”, informou o diretor-geral interino da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Tamer Mansour. Ele disse que, com essa conquista, o Brasil está se tornando um país pioneiro no setor de tecnologia genética, e que o fato de a Arábia Saudita ter aprovado as certificações demonstra confiança do governo saudita quanto ao sistema de vigilância sanitária brasileiro, e indica que os dois governos estão “falando a mesma língua”.
Os sauditas são o segundo maior parceiro do Brasil na compra de carne de frango e já compravam ovos férteis. No setor de carne bovina, os sauditas ficam em sétimo lugar nas exportações brasileiras. Os dados são de janeiro a outubro de 2018. “Essas cooperações técnicas incrementam cada vez mais as parcerias governamentais e a iniciativa privada, tornando o Brasil não apenas um exportador, mas um parceiro estratégico na relação entre os países”, completou Mansour. Na semana passada, a Arábia Saudita havia autorizado a importação de mel e derivados do Brasil.
O Brasil já exporta material genético bovino para os Emirados Árabes Unidos e para o Egito, fazendo da Arábia Saudita o terceiro país árabe a comprar o produto brasileiro. Segundo a gerente de relações internacionais da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Icce Garbellini, o Brasil exporta material genético bovino principalmente para países da América Latina, como Colômbia, Panamá e Paraguai.
“A ABCZ vem auxiliando o Mapa nas articulações para aprovação dos protocolos sanitários em vários países, e a Arábia Saudita foi um deles”, disse Garbellini. A gerente informou que o material genético pode ser utilizado tanto para a criação de gado de corte quanto para gado de leite, dependendo da demanda do criador. “Os países árabes têm um enorme potencial e estamos trabalhando articulações com outros países da região do Oriente Médio e Norte da África”, contou.
O material genético avícola brasileiro é exportado para mais de 50 países entre Américas, Oriente Médio, África, Europa e Ásia. Entre os árabes, a Arábia Saudita entra na lista que inclui Sudão, Omã e Emirados, segundo relatório anual da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) 2018, que contém dados das exportações de 2017.
A ampliação de mercados importadores de ovos férteis e pintos de um dia do Brasil vem se expandindo nos últimos anos. Segundo Guilherme Marques, um dos principais fatores para a conquista de novos mercados foi o reconhecimento internacional da condição sanitária dos plantéis avícolas nacionais – o Brasil nunca teve casos de Influenza Aviária. Marques citou ainda, de acordo com nota do Mapa, “o nível de biosseguridade implementado pelos produtores de genética brasileira, as linhagens avícolas e a transferência de aspectos que permitem desenvolver produtos com qualidade e produtividade”.
Segundo o comunicado do Mapa, o Brasil tem ampliado o número de mercados importadores de embriões bovinos “in vivo” (estimulação hormonal dos ovários de uma vaca doadora para induzir o desenvolvimento e a maturação de vários folículos simultaneamente), embriões “in vitro” (maturação e fecundação in vitro de células sexuais produzidas nos ovários, obtidos de novilhas ou vacas) e sêmen bovinos. Marques atribuiu o crescimento do setor aos avanços sanitários das últimas décadas, e destacou o reconhecimento do Brasil pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em maio, como país livre de febre aftosa com vacinação.
O diretor citou também o melhoramento genético nas raças bovinas taurinas e zebuínas, a consolidação da produção e transferência de embriões “in vivo” e o crescente uso da fertilização “in vitro”, além do investimento pelos centros de coleta e processamento de sêmen e embriões em tecnologia e biosseguridade para atendimento a exigências internacionais.
Em nota, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, ressaltou a importância da Arábia Saudita como parceiro comercial do Brasil – o país importou mais de US$ 2,6 bilhões em produtos brasileiros em 2017, sendo mais de US$ 1 bilhão somente em carne de frango. Maggi destacou que a abertura de novos mercados ajuda na diversificação da pauta e contribui para o alcance da meta de 10% de participação do Brasil no mercado mundial de produtos agropecuários.