Alexandre Rocha
São Paulo – A Arábia Saudita é um dos mercados alvo de dois dos três acordos de promoção comercial assinados hoje (02) em São Paulo pelos presidentes da Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex), Juan Quirós, e da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Carlos Delben leite.
O objetivo desses projetos é impulsionar as exportações do setor, por meio do aumento do número de empresas exportadoras, diversificação dos produtos comercializados e o aperfeiçoamento tecnológico dos mesmos.
A Arábia Saudita foi incluída no projeto para a área de máquinas agrícolas, junto com a Comunidade Andina, México, África do Sul, Argentina, Ucrânia e China. Para este projeto, haverá um investimento de R$ 5,8 milhões, sendo que R$ 1,9 milhão será desembolsado pela Apex, e o restante pela Abimaq e pelas empresas participantes.
Com essa iniciativa, espera-se que o setor de máquinas agrícolas alcance o patamar de US$ 259 milhões em exportações anuais até 2006.
O outro projeto no qual foi incluído o país árabe é o destinado ao segmento de máquinas para a indústria do plástico, juntamente com a Comunidade Andina, México, África do Sul e Rússia. A expectativa é de que esse projeto gere exportações de US$ 66,2 milhões por ano, também até 2006. O orçamento do acordo será de R$ 6,1 milhões, com R$ 2,4 milhões bancados pela Apex.
O terceiro projeto refere-se ao setor de metal-mecânica, e tem como mercados alvo a Comunidade Andina, México, África do Sul, Argentina, Canadá e China. Espera-se que, com ele, o segmento alcance US$ 316 milhões em exportações por ano até 2006. Para esse programa, a Apex vai destinar R$ 1,3 milhão, de um custo total estimado em R$ 3,2 milhões.
Preparação para negociar
Segundo Delben Leite, os três projetos prevêem basicamente a realização de cursos de orientação às empresas, seminários de mercado, inclusive com a participação de representantes de países compradores, missões comerciais, tanto de vendas como de compras, pesquisas de mercado e participação em feiras de negócios.
De acordo com Juan Quirós, entre as atividades previstas para correr até o final deste ano e durante 2004, constam a participação em 12 feiras internacionais, a realização de 15 missões comerciais, nove prospecções de mercado e 12 cursos e seminários no exterior, entre outras ações.
“Queremos atrelar a imagem do Brasil aos produtos do setor de máquinas e equipamentos”, disse o presidente da Apex. “Quem tem muitas prioridades não tem nenhuma. Nós preferimos levar em uma missão 40 empresas bem preparadas do que 200 que não estejam. É melhor para a nossa imagem”, ressaltou Quirós.
“Para formar uma imagem lá fora não podemos levar empresas que não estejam preparadas para atuar no mercado internacional, pois qualquer falha vai refletir nas demais”, acrescentou Delben Leite, ao justificar o investimento.
O custo total dos projetos ultrapassa os R$ 15 milhões e, com essas iniciativas, os patrocinadores esperam um crescimento total de 19% nas exportações do setor até 2005, com um aumento de 6% na oferta de empregos. Segundo informações da Abimaq, até 200 empresas deverão participar.
Atenção às regras
Aos empresários presentes à solenidade de assinatura dos acordos de promoção comercial na sede da Abimaq, Quirós recomendou extrema atenção às regras da Apex para evitar o corte da verba no futuro.
A agência exige, por exemplo, a apresentação de relatórios regulares, e após o final de cada evento. Quirós lembrou que o financiamento é feito com dinheiro público e, por isso, os projetos têm que caminhar a contento.
“Hoje nós temos em análise 47 projetos próximos do cancelamento”, alertou. O presidente da Apex acrescentou que, em caso de descumprimento das regras, a agência pode bloquear o repasse de parcelas e exigir o ressarcimento do valor já investido.
Crescimento
Delben Leite aproveitou o evento para anunciar os números do setor. Segundo ele, o nível de exportações de máquinas e equipamentos atingiu seu patamar mais alto na história, com US$ 4,41 bilhões vendidos para fora nos últimos 12 meses e US$ 3,05 bilhões de janeiro a agosto deste ano.
Os principais compradores foram: Estados Unidos (US$ 949,76 milhões), Argentina (US$ 242,19 milhões), Alemanha (US$ 237,07 milhões), México (US$ 193,51 milhões), Reino Unido (US$ 184,71 milhões) e China (US$ 130,84 milhões).
“Estamos, no mínimo, na segunda posição entre os setores industriais que mais exportam no Brasil”, garantiu Delben Leite.
Apesar do incremento nas exportações, o segmento apresentou déficit de US$ 663,14 milhões em sua balança comercial este ano – menor, no entanto, do que o valor do ano passado, que chegou aos US$ 2 bilhões. Delben Leite acredita que em 10 anos as contas do setor vão estar equilibradas.
Ainda sobre o papel da Apex, Quirós acrescentou que o setor de máquinas e metais fará parte das prospecções da agência nos países árabes, na África do Sul, Rússia e China, país que Quirós visitou nos últimos dias e deverá retornar no final da próxima semana, após participar da missão comercial a três países do Golfo Arábico que começa amanhã (03), com promoção da Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB). Até o final do ano, ele deverá visitar a Índia também.