Da redação*
São Paulo – A Arábia Saudita investiu o equivalente a US$ 725 bilhões em infra-estrutura e outros projetos de desenvolvimento nos últimos 30 anos. O volume é praticamente igual à soma do Produto Interno Bruto (PIB) de todos os países árabes em 2002. Com isso, a Arábia Saudita se tornou a maior economia do Oriente Médio, informaram dados divulgados pelo Ministério do Planejamento e publicados ontem pelo jornal local Gulf News.
De acordo com o relatório oficial, os investimentos vieram tanto do setor público como do privado. O ministério avaliou os aportes de recursos entre 1970 e 2003 e revelou que a maior parte se concentrou nos últimos 12 anos na indústria, construção, agricultura, petróleo, cultura, educação e saúde. Isso porque, a partir de 1990, o governo começou a abrir a economia ao capital privado.
Os investimentos fizeram o PIB saudita crescer quase 30 vezes nessas três décadas, passando de cerca de US$ 6 bilhões em 1970 para US$ 188,2 bilhões no ano passado. É o maior Produto do Oriente Médio e também responde por um quarto do total árabe, segundo o ministério.
Para o economista saudita Abdul Aziz Al Dakheel, "a razão" do crescimento é o setor privado que, segundo ele, "está crescendo muito mais do que o público, que está saturado". "O capital privado vem se tornando o poder dominante na economia doméstica", avaliou.
Entre 1970 e 1990, os investimentos públicos responderam por aproximadamente dois terços da soma de recursos aplicados no país. Na última década, porém, a situação se inverteu. De 1991 para cá, por exemplo, o setor privado investiu US$ 272 bilhões na Arábia Saudita, 83% do total de aportes feitos no período.
Plano de privatizações
Para os próximos anos, a previsão é de que as empresas privadas ganhem mais espaço numa economia que ainda é bastante controlada pelo Estado. O governo vem anunciando planos de desestatização e de atração de investimentos externos. No final de setembro, por exemplo, foi divulgado um plano de privatizações avaliado em US$ 13 bilhões, que inclui a venda de 21 empresas de energia e de distribuição e venda de água.
O programa, considerado ambicioso, faz parte de uma diretriz aprovada no ano passado pelo governo saudita para abrir 20 setores vitais da economia aos investidores privados locais e estrangeiros. O objetivo é gerar recursos para pagar a dívida pública, diminuir o desemprego e diversificar a economia, que ainda é essencialmente baseada em petróleo.
A Arábia Saudita tem a maior reserva de petróleo do mundo, estimada em 261 bilhões de barris, e também é o maior exportador da commodity. Em 2002, porém, o crescimento econômico não passou de 1% e o desemprego chegou a 25% da População Economicamente Ativa.
Os primeiros efeitos desse redirecionamento da economia já podem ser sentidos. A participação do setor privado no PIB, por exemplo, subiu de US$ 1,9 bilhão em 1970 para US$ 76 bilhões no ano passado e, hoje, responde por cerca de 40% do Produto. O setor de petróleo rendeu pouco menos de US$ 70 bilhões à economia, depois de atingir um recorde de US$ 101,5 bilhões em 1981, quando o preço do barril ultrapassou os US$ 30 e a produção local era de US$ 10 milhões de barris por dia.
Hoje, a cotação internacional do barril continua em torno de US$ 30, mas a produção diária caiu para 8,5 milhões de barris. "O futuro da Arábia Saudita está nas mãos do setor privado", acredita outro economista do país, Ihsan bu Hulaiga.
*com agências internacionais

