São Paulo – A Arábia Saudita quer diversificar a balança comercial com o Brasil. Foi o que disse o encarregado de negócios da embaixada saudita em Brasília, Mohammed Khan (foto), em visita à Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo, nesta sexta-feira (09). “Nosso trabalho é aproximar empresas brasileiras e sauditas para encontrar oportunidades de investimento e novos relacionamentos. Temos que ser otimistas”, declarou Khan.
Ele mencionou que dentro do plano Visão 2030 do governo saudita, que pretende diversificar a economia local, o país está buscando investimentos para as áreas de infraestrutura, negócios, recursos humanos, turismo, entre outras. Khan acrescentou que o Brasil tem boas chances de investimentos no país árabe por meio do plano.
A Arábia Saudita foi o principal destino das exportações de carne de frango brasileiro em 2017, com 15,39% do total. De todos os produtos exportados para a Arábia Saudita em 2017, o frango brasileiro totalizou 38%.
“Precisamos diversificar também os produtos que compramos do Brasil, não concentrando tanto na carne de frango, mas também nos setores de energia limpa, energia solar, defesa, tecnologia e turismo”, listou. Segundo Khan, todos estes setores podem se beneficiar cooperando com a Arábia Saudita. “O mais importante desta cooperação é levar a tecnologia à Arábia Saudita, não somente o consumo, mas construir o investimento e a tecnologia lá”, enfatizou.
Khan afirmou que a Arábia Saudita investe muito em energia limpa e energia solar, que contribuições são bem-vindas de todos os países no setor. Disse também que existe um grande investimento em agricultura por parte do governo saudita, mas que eles precisam crescer no segmento, e também na pecuária, que está em fase inicial, de adaptação dos animais, pelo clima desafiador.
“Estamos trabalhando para acomodar nossa demanda por gado da melhor maneira possível e seria interessante investir em tecnologia brasileira na área”, declarou.
Entre os 22 países árabes, a Arábia Saudita é o maior comprador de produtos brasileiros, totalizando mais de US$ 1,5 bilhão em importações de janeiro a setembro de 2018, e também o que mais vende para cá (mais de US$ 1,7 bilhão no mesmo período).
Os principais produtos que o Brasil compra da Arábia Saudita são combustíveis, fertilizantes, plásticos e produtos químicos orgânicos. Com o objetivo de diversificar a balança comercial de lá para cá, Khan relatou que o reino saudita possui muitas áreas de expertise.
“Temos o setor petroquímico e podemos ampliar o relacionamento com o Brasil nesse setor; também trabalhamos na área de infraestrutura; e podemos cooperar ainda na área de portos e aviação civil – estamos em fase inicial de construção de aviões de treinamento militar”, explicou.
Para o futuro, o diplomata espera mais cooperação entre os dois países, mais perspectivas e laços comerciais, e um crescimento no relacionamento comercial de forma geral, não só com a compra de carne. “Nós precisamos de algo mais avançado e duradouro.”
“Esperamos que o relacionamento com o novo governo do presidente Jair Bolsonaro mantenha as portas abertas para nós, para potenciais investimentos e cooperações com a Arábia Saudita, e que promova as relações das empresas brasileiras com nosso país, para que impulsionemos os negócios e as relações comerciais entre nossos países. Que em vez de afastar, o novo governo aproxime o Brasil e a Arábia Saudita. E que a Câmara Árabe e o setor empresarial brasileiro possam esclarecer o presidente eleito sobre esta iniciativa”, expressou.
O saudita disse estar honrado pelo convite para visitar a sede da Câmara Árabe em São Paulo. “A Câmara Árabe é considerada a conexão entre o mundo árabe e a América Latina em geral, e o Brasil especificamente”, finalizou.