São Paulo – A Arábia Saudita quer ser um polo farmacêutico da região do Oriente Médio e Norte da África. Foi o que disse Raed Al-Swayed, vice-presidente da Saudi Pharma Industrial Clusters, órgão do Ministério da Indústria do país árabe, durante apresentação no seminário Pharma Brasil-Arábia Saudita, que ocorreu nesta terça-feira (08) na Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo.
Em sua palestra, Al-Swayed mostrou os benefícios e incentivos que a Arábia Saudita oferece para as empresas farmacêuticas se instalarem no país. “As empresas brasileiras podem se instalar no país de forma autônoma ou através de joint-ventures (empreendimento em parceria com empresas sauditas ou de outros países)”, afirmou. O mercado farmacêutico saudita movimenta hoje US$ 8,2 bilhões, sendo o setor de pílulas e sólidos orais o maior, com US$ 3,5 bilhões, e o de biológicos e biosimilares o que mais cresce, com US$ 1,6 bilhão (dados de 2018).
Para Al-Swayed, o Brasil tem um grande potencial nos segmentos de vacinas e medicamentos genéricos. “Estamos otimistas que as empresas brasileiras irão se instalar em nosso país nos próximos anos, somos um mercado com uma população que está crescendo e envelhecendo”, informou. A Arábia Saudita tem uma população de 32,6 milhões de pessoas e, segundo ele, deve chegar a 40 milhões até 2030.
O executivo disse que nos próximos dias visitará o Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e afirmou ainda que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, será convidado de honra da conferência Future Investment Initiative (FII), também conhecida como “Davos no Deserto”, que ocorrerá em Riad de 29 a 31 de outubro.
Vice-presidente de Relações Internacionais da Câmara Árabe, o embaixador Osmar Chohfi abriu o evento. “Mais do que ser destino final de produtos brasileiros, a Arábia Saudita tem grande potencial para se tornar um polo de exportação de fármacos e funcionar como ponte para outros mercados no Oriente Médio e Norte da África”, disse Chohfi.
No evento, se apresentou também o diretor do departamento de avaliação de riscos e benefícios no setor de drogas da agência reguladora saudita Saudi Food and Drug Authority (SFDA), Bandar Alhammad. Ele afirmou que se um medicamento é submetido à brasileira Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) provavelmente ele também estará de acordo com as normas dos países da região do Golfo. “É quase a mesma coisa, mas para os países do GCC há uma especificação adicional, os produtos têm que ter uma certificação ‘pork free e alcohol free’ [livre de porco e de álcool]”, informou Alhammad. O item tem que ser “halal”, ou seja, sem ingredientes impróprios para o consumo de muçulmanos.
O diretor informou ainda que todo o processo de inscrição para o registro saudita agora é feito de forma eletrônica, online, evitando burocracias. Ele disse que a SFDA está alinhada ao projeto governamental Visão 2030, que tem por objetivo a diversificação da economia do país árabe, e está em busca de parcerias com os setores público e privado de outros países, e organizações internacionais.
Do Brasil, se apresentaram o diretor de assuntos biológicos da Anvisa, Bernardo Moreira, o diretor de assuntos técnicos do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), Jair Calixto, e o presidente executivo da Associação Brasileira de Indústrias de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), Norberto Prestes. O diretor de estratégia e promoção de investimentos da Saudi Pharma Industrial Clusters, Adalberto Netto, foi o mediador. Na foto acima, da esq. p/ dir., Prestes, Alhammad, Al-Swayed, Netto, Calixto e Moreira.
Prestes disse que a Abiquifi está trabalhando com a Arábia Saudita como um país aliado pelos próximos dois anos, mostrando para empresas farmacêuticas brasileiras as oportunidades de negócios no mercado saudita, fazendo workshops sobre como entrar nesse mercado e sobre questões regulatórias, realizando missões comerciais e trazendo autoridades sauditas para o Brasil. “As oportunidades tanto de exportação quanto de empresas se instalarem na Arábia Saudita são ótimas para o Brasil. Prevemos que nos próximos três anos isso deve acontecer de forma mais expressiva”, afirmou.
O evento foi organizado pela SFDA e pela Saudi Pharma Industrial Clusters, em parceria com a Anvisa, Abiquifi e Sindusfarma, e com apoio da Câmara Árabe. Cerca de 40 representantes de empresas brasileiras participaram do seminário. Entre elas, o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), e as farmacêuticas Allergan, Blanver, Biolab Farmacêutica e Nortec Química.