São Paulo – O ministro dos Negócios Estrangeiros da Argélia, Mourad Medelci, que está no Brasil, convidou as empresas brasileiras para participarem dos projetos de infraestrutura do programa qüinqüenal de investimentos do país árabe. Medelci se encontrou nesta terça-feira (20), em Brasília, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
“Como a Argélia tem uma espécie de PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), um plano qüinqüenal de infraestrutura, estamos vendo a possibilidade de cooperação não só na área de construção, mas na área industrial e na área agrícola. O presidente (Lula) achou que seria muito bom que houvesse uma missão composta de ministros, empresários à Argélia ainda este ano e que haja uma recíproca no Brasil até o final do ano”, afirmou Amorim, após o encontro.
De acordo com o discurso de encerramento de Medelci na 4ª Reunião da Comissão Mista Brasil-Argélia, realizado segunda-feira em Brasília, o programa qüinqüenal, que será no período de 2010 a 2014, deverá movimentar US$ 280 bilhões em projetos de infraestrutura. No evento, o ministro chamou as empresas brasileiras dos setores de saúde, energia e construção que já atuam no país para ampliarem sua participação nos projetos argelinos.
Entre os encontros de Medelci em Brasília, o ministro assinou um memorando de entendimento com o governo brasileiro para intensificar a cooperação em temas bilaterais, regionais e internacionais de interesse mútuo. Outro acordo firmado foi com o ministério da Agricultura, que prevê a cooperação brasileira para o desenvolvimento de uma indústria leiteira na Argélia.
No ministério da Agricultura, Medelci foi recebido pelo ministro brasileiro Wagner Rossi, que sugeriu uma parceria entre o governo do país africano e a Embrapa Gado de Leite, que, no Brasil, detém experiência com pesquisas e transferência de tecnologias que melhoram a qualidade do leite e aumento da produção.
Segundo discurso de Amorim na Comissão Mista Brasil-Argélia, o crescente fortalecimento da parceria brasileira com o país árabe reflete a forte opção pelas relações Sul-Sul. “Trata-se de uma escolha pelo desenvolvimento e pela melhoria das condições de vida dos nossos povos”, afirmou o ministro.
Com relação às exportações brasileiras à Argélia, Amorim disse que elas continuam devagar e deficitárias para o Brasil. “Sabemos que em parte, o nosso déficit comercial tem sido compensado pela participação de empresas brasileiras em obras na Argélia e outros investimentos. Isso é um bom indicativo, mas há ainda algo a ser feito”, disse Amorim.
As exportações brasileiras para Argélia no primeiro semestre somaram US$ 329 milhões contra US$ 321,57 milhões no mesmo período do ano passado. Os principais produtos embarcados foram açúcar, carne bovina, óleo de soja, leite integral e equipamentos agrícolas. Já as importações brasileiras do país árabe totalizaram US$ 1,3 bilhão no semestre ante US$ 355,96 milhões. Naftas para petroquímica e petróleo foram os principais produtos importados.