São Paulo – Um grupo com 26 estudantes argelinos desembarca nesta semana em Minas Gerais para um treinamento em joalheria. Por duas semanas, entre 14 e 27 de agosto, eles terão capacitação na área no Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), na cidade de Ouro Preto, como parte de uma cooperação entre a Associação Brasileira de Gemas e Joias (Abragem) e Agência Brasileira de Cooperação (ABC) com o governo argelino.
A Abragem trabalha em parceria com a Argélia há dez anos para ensino e fomento da produção de joias no país e ajudou os argelinos a criarem uma escola especializada no segmento na cidade de Tamanrasset. Os estudantes com melhor desempenho nos estarão no Brasil para reforço da capacitação. Acompanham o grupo três coordenadores.
As informações são do presidente da Abragem, Harilton Vasconcelos. Ele conta que a maioria dos estudantes que virão nunca saiu da Argélia. “O local tem tudo a ver com a realidade do nosso projeto”, afirma Vasconcelos sobre Ouro Preto, citando o fato de a cidade ter um dos maiores museus de mineralogia do mundo e do IFMG ser muito bem conceituado no ensino de joalheria.
No dia 14 de agosto haverá a abertura oficial da missão no IFMG, que dará o pontapé para o treinamento dos argelinos. Depois da cerimônia, da qual devem participar autoridades convidadas, os estudantes partirão para as aulas e haverá uma palestra para os alunos do instituto e para a comunidade de Ouro Preto sobre cooperativismo.
Como parte das atividades da viagem, os argelinos vão conhecer minas de ouro e topázio da cidade de Ouro Preto. “Eles vão conhecer nosso país, vão trabalhar in loco”, afirma Vasconcelos. A convite da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), os coordenadores que acompanham o grupo farão uma visita a uma das maiores fábricas de joias do Brasil, a Manoel Bernardes, que fica no estado.
O trabalho da Abragem na Argélia é feito com o apoio e a parceria local da Câmara de Artesanato e Ofícios de Tamanrasset. Desde 2007, quando a cooperação começou, argelinos estiveram no Brasil para visitas técnicas e os brasileiros foram ao país árabe por vários períodos para treinamento e implantação das ações.
A escola de joalheria criada com a ajuda da Abragem começou a oferecer cursos no começo de 2015 e formou até o momento 80 alunos, de acordo com Vasconcelos. No ano passado a escola foi transferida para um novo local, a Casa do Artesanato em Tamanrasset, uma estrutura grande e ainda melhor do que a primeira.
Há várias etapas de ensino oferecidas como lapidação de pedras preciosas, lapidação de pedras artesanais, ourivesaria básica, fundição de joias, design de joias manual, design de joias em 3D e artesanato mineral. O presidente da Abragem conta que no final do ano passado o trabalho dos alunos foi apresentado num evento na embaixada do Brasil em Argel.
Ainda em 2017, entre outubro e novembro, representantes da Abragem devem viajar novamente à Argélia para dar um curso de cooperativismo, como última etapa da cooperação. O objetivo é que depois de aprendida a atividade profissional, os argelinos possam se reunir em cooperativas para produzir joias com as pedras do Deserto do Saara. A escola deve seguir em funcionamento e ensinando joalheria para mais alunos.
O presidente da Abragem conta que a cooperação com a Argélia foi um projeto piloto e que ele deverá ser replicado em outros países. Ainda não há um próximo destino definido, mas já ocorreram conversas sobre o tema com a África do Sul e Senegal. Nenhum outro país árabe se candidatou, mas Vasconcelos afirma que a Abragem está aberta a contatos e convites.


