Isaura Daniel
São Paulo – A Câmara de Comércio Árabe-Argentina (CCAA) sugeriu ao Ministério das Relações Exteriores do seu país que o acordo de livre comércio que o Mercosul está negociando com o Egito seja ampliado para toda a região árabe. "O Mercosul precisa ter acordo com todos os países árabes", diz o secretário-geral da CCAA, Sattam Al Kaddour.
O Egito e o Mercosul devem assinar até o final do ano um tratado que vai estabelecer tarifas diferenciadas para exportação e importação de alguns produtos. Já na reunião de Cúpula do Mercosul, nos dias 7 e 8 da próxima semana, em Porto Iguaçu, na Argentina, representantes das duas regiões vão firmar um acordo prévio, que servirá com base para as negociações. No documento cada uma das partes vai apresentar os seus principais interesses.
"Seria bom para a Argentina um acordo com o mundo árabe", diz Al Kaddour. De acordo com o secretário-geral, a CCAA se colocou, inclusive, à disposição da chancelaria do governo Néstor Kirchner para intermediar os acordos. Ainda não há, porém, uma resposta oficial.
Além do Egito, o Marrocos manifestou, no início deste ano, ao ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, o interesse por um tratado com o Mercosul.
A Argentina, assim como o Brasil, aumentou muito o seu comércio com a região nos últimos anos. As exportações do país vizinho para os árabes passaram de US$ 150 milhões em 1992 para US$ 1,6 bilhão no ano passado. O faturamento cresceu mais de dez vezes.
O Egito é responsável por grande parte deste valor. Em 2003, a corrente comercial entre os dois países foi de US$ 452 milhões. As exportações dos argentinos para a nação árabe, que respondem por 98% deste valor, cresceram 12% em relação a 2002. Os principais produtos enviados foram cereais, azeites e carne bovina.
Cúpula
O ministro de Comércio Exterior do Egito, Youssef Boutros Ghali, é esperado para a reunião de Cúpula de Porto Iguaçu. Ainda não houve, porém, uma confirmação oficial da sua vinda. Também foram convidados para o encontro os chefes de estado do Chile, Peru, Equador, Bolívia, México, Colômbia e Venezuela, o presidente da União Européia e chanceleres do Japão, Índia e União Aduaneira da África do Sul.
De acordo com informações da assessoria de comunicação do Ministério das Relações Exteriores da Argentina, porém, até o final da tarde de ontem (30) apenas os presidentes do Mercosul, Chile, Bolívia e Peru haviam confirmado presença.
A expectativa é que, durante o encontro seja assinado um acordo de livre comércio com a Comunidade Andina, da qual fazem parte Colômbia, Equador e Venezuela, e também discutido o tratado de comércio entre o Mercosul e União Européia. O Chile, a Bolívia, o Peru e a Venezuela já têm, individualmente, acordos com o Mercosul.
Já na terça-feira (6) deve ocorrer um encontro prévio de chanceleres do Paraguai, Uruguai, Argentina e Brasil. A abertura oficial da reunião de Cúpula está marcada para às 10h de quarta-feira no Iguazú Grand Hotel, com a presença dos chanceleres dos países membros do Mercosul e convidados.
Na quinta-feira haverá uma segunda solenidade de abertura, às 9h30min, desta vez com os presidentes dos quatro países integrantes do bloco. Néstor Kirchner vai abrir o encontro, seguido de um pronunciamento do ministro de Relações Exteriores da Argentina, Rafael Bielsa, que, como representante do país que preside o bloco, vai apresentar o informe sobre as atividades do Mercosul.
Durante os dois dias ocorrerá uma série de reuniões entre chefes de estado e ministros dos países membros do Mercosul e convidados. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai encerrar a reunião de Cúpula no início da tarde de quinta-feira.

