São Paulo – A 10ª edição da Bienal de Sharjah, nos Emirados Árabes, vai apresentar obras de 119 artistas, de 36 países, entre eles do Brasil, Argentina, Chile e Bolívia. O tema dessa edição é Plot for a Biennial, que na tradução livre quer dizer Roteiro para Bienal. A mostra de arte contemporânea será realizada de 16 de março a 16 de maio e é organizada pela Fundação de Arte de Sharjah.
A curadoria da mostra escolheu 65 obras de última geração em artes visuais, filmes, músicas, performances e vídeos. O tema da Bienal, programado para ser uma narrativa de roteiro de filme, traz como palavras-chaves: traição, necessidade, insurreição, afiliação, corrupção, devoção, divulgação e tradução.
A curadora brasileira Solange Oliveira Farkas é quem vai apresentar um programa de vídeos realizados por artistas da América Latina na mostra dos Emirados. “O programa é uma resposta à intrigante proposta da equipe de curadores da Bienal, que quer tratar de resistências, fronteiras e utopias. As obras que o compõem lançam mão de estratégias originais para falar da realidade sul-americana”, afirmou Solange à ANBA por email.
De acordo com ela, os vídeos da mostra foram apresentados originalmente no Festival Internacional de Arte Contemporânea Sesc-Videobrasil, evento que foi criado há mais de 25 anos no Brasil. O objetivo desse festival é mostrar a arte produzida atualmente no sul geopolítico do mundo, que abrange países da América Latina, África, Europa do Leste, Oriente Médio, sudeste Asiático e Austrália.
Segundo Solange, o festival, que vai ser realizado em setembro e está em sua 17ª edição, parte da ideia de que essas regiões têm muito em comum, assim como a produção artística emergente presente nesses países. Solange, que é presidente da Associação Cultural Videobrasil, foi convidada para participar da Bienal de Sharjah.
O programa da mostra nos Emirados reúne obras de artistas como Jonathas de Andrade, Roberto Bellini, André Denegri, entre outros artistas sul-americanos. O filme do brasileiro Jonathas de Andrade, por exemplo, chamado “4 mil disparos”, fez parte de um trabalho realizado em seis países na América do Sul. Segundo o artista em seu site, a obra “Documento Latinamerica-Condução à Deriva” é uma viagem de reconhecimento de território, partindo de um sentimento de amnésia histórica, que faz da “latinamerica” um lugar tão "uno" quanto descontínuo, um lugar ao qual se "pertence sem pertencer".
De acordo com Solange, a Associação Cultural Videobrasil está atenta há muitas edições de arte produzidas no mundo árabe. Em 2003, o 14º Festival Internacional de Arte Contemporânea Sesc-Videobrasil teve a participação especial de obras de artistas do Líbano, como Akram Zaatari e Walid Raad.
Curadora internacional
Solange é uma curadora internacional com 25 anos de carreira. Criou o Festival Internacional de Arte Contemporânea SESC-Videobrasil, referência para produção artística do sul geopolítico do mundo. A curadora esteve à frente de exposições no Brasil, Argentina e Espanha.
Entre 2007 e 2010, foi diretora e curadora-chefe do Museu de Arte Moderna da Bahia. Este ano, Solange também está entre os seis curadores convidados da 16ª Bienal de Cerveira, em julho, em Portugal. A curadora prepara ainda participações no festival Videoakt, na Espanha, em maio, e no projeto “An Ideal Library”, da curadora africana Koyo Kouoh.
Mais informações
Bienal de Sharjah
Site: www.sharjahart.org