Por Rubens Hannun*
Muito temos falado, estudado e discutido sobre as oportunidades de negócios do Brasil com os países árabes, e com razão! Nos últimos anos o bloco árabe se tornou um de nossos principais mercados, quando não o principal, sobretudo no agronegócio.
Mas é importante também ampliarmos esse olhar para outras oportunidades que esses países têm em razão de sua pujança. O crescimento sustentável que se comprovou na região durante os anos de pandemia foi recentemente reconhecido pela publicação The Economist.
Cidades verdes, cidades inteligentes, novas cidades, hubs comerciais, tecnologia de ponta, prédios construídos em 3D com material sustentável fervilham na região. E há ainda a geopolítica indicando que esses países estão se tornando protagonistas hoje, com chances de tal papel ser ainda mais forte no futuro.
Devemos continuar e ampliar a atenção olhando para outros campos, ancorados nas boas relações diplomáticas que temos com eles, nas trocas comerciais crescentes e investimentos promissores, sem falar na imensa população de origem árabe, que foi recebida de braços abertos, ajudou e ajuda na construção do Brasil.
Temos que dar a essa relação a importância de um eixo estratégico. Parcerias estratégicas são necessárias e devem acontecer também no campo do trabalho e da formação.
No campo da formação podemos incentivar o intercâmbio de alunos, professores e conhecimento. Temos muito a trocar.
Nesse sentido iniciativas dos países individualmente e coletivamente da missão da Liga dos Estados Árabes no Brasil já existem, podem e devem ser incrementadas.
Precisamos focar também no trabalho.
Os países árabes estão se transformando em um excelente mercado de trabalho, principalmente para os jovens. Nossas universidades e nossos jovens devem estar atentos a isso.
Além da produção de conhecimento que os árabes estão atraindo para seu mercado, também estamos vendo outros países fazendo do mundo árabe, principalmente de Dubai, palco para teste e lançamento de suas inovações, como foi com o primeiro carro voador testado pela China.
Com a maior inserção no mercado de trabalho árabe, todos ganham, trabalhadores e seus países.
O Brasil ganha porque exportará conhecimento qualificado, cultura, modo de vida, e com isso abrirá ainda mais caminhos para empresas brasileiras. Os países árabes ganham não só o conhecimento técnico dos brasileiros e suas expertises, mas também sua resiliência, dedicação, tolerância, criatividade e poder de adaptação, entre outras características de formação, cultura e educação que nosso povo tem.
E as oportunidades estão em todos os campos.
As oportunidades existem em praticamente todas as áreas, tanto as tradicionais como as modernas e as consideradas do futuro.
Na área de construção, além das obras habituais, existem cidades inteiras em desenvolvimento a partir do zero. E nesse processo, onde tudo é necessário, a exigência é pautada pelo olhar para a sustentabilidade e para o futuro. Chama atenção a utilização de elementos construídos em impressoras 3D, com material reciclável.
No agronegócio nem é preciso falar, eles estão investindo muito em segurança alimentar e incentivando a produção própria com muita tecnologia. Mas é preciso expertise e os brasileiros são a referência que eles querem seguir. É tudo do que precisam.
A mobilidade segue a tendência de cidades inteligentes, privilegiando a tecnologia, a adequação, a conveniência e a sustentabilidade.
No entretenimento nossos profissionais têm um imenso campo a explorar e os árabes, além precisarem, querem o know-how dos brasileiros. A abertura para o turismo e a intenção de proporcionar mais entretenimento às populações locais estão abrindo muitos postos novos.
Shows, torneios, campeonatos esportivos, corridas de automóveis, etc., ganharam muito espaço nos últimos anos atraindo a atenção do mundo e levando milhares de turistas e profissionais ao bloco árabe.
Em 2023 teremos Fórmula 1 em quatro países árabes, inclusive a corrida de abertura e a final.
Já tivemos final do Mundial de Clubes de Futebol no Marrocos, Emirados Árabes Unidos e Catar e a exposição universal Expo 2020 Dubai nos Emirados Árabes Unidos. Neste ano temos a COP 27 no Egito e a Copa do Mundo de Futebol no Catar. Esses são apenas alguns eventos que mobilizam o mundo todo e estão sediados em países árabes, sem falar nas festas e eventos internos.
O Brasil, conhecido por sediar shows, congressos mundiais, olimpíadas e, principalmente, o carnaval, com excelência na promoção, organização e segurança, é muito bem-visto e recebido com seus profissionais das áreas de comunicação e publicidade, marketing, promoção e eventos.
Como último exemplo, é importante a decisão de Dubai em ser a capital do Metaverso com o programa Dubai Metaverse Strategy, que prevê a atração de mais de 1 mil empresas relacionadas ao tema e a criação de 40 mil empregos virtuais até 2030.
Resumindo, podemos ver que as oportunidades para nossos profissionais e estudantes das mais diversas áreas não faltam e nos ajudarão a atingir o futuro mais rápido inseridos nesta parte do mundo que a cada dia se prova avançada, consciente, realizadora e eficiente.
*Rubens Hannun é consultor, presidente do instituto H2R Pesquisas Avançadas e ex-presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira