São Paulo – A brasileira Adrianna Rabello Pereira Rodrigues Alves, cujo nome artístico é Adrianna Eu, tem uma instalação permanente na Galeria Nacional de Belas Artes da Jordânia, que foi motivo de exposição no Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, no Rio de Janeiro, e poderá ser tema para outras mostras. Adrianna esteve no país árabe há cinco anos para uma residência artística resultante no trabalho que segue em exposição em Amã.
A carioca foi convidada para participar de um encontro de artistas na Jordânia depois que participou da Bienal de Valência, na Espanha, em 2007, onde um representante da galeria jordaniana viu o seu trabalho. Do encontro participaram artistas de outras partes do mundo, como Itália e Japão, além de profissionais de países da região como Egito e a própria Jordânia. “Eles me receberam super bem”, afirma Adrianna, sobre a estada no país árabe.
Como o símbolo do trabalho da carioca é um coração vermelho feito de linha, ela resolveu levar do Brasil para lá 100 corações feitos de linha. E ela produziu mais 100 corações na própria Jordânia, com a matéria-prima local. Para isso, Adrianna foi até a cidade de Jerash e comprou lãs de carneiro tingidas de vermelho. Isso porque a história conta que as tribos do local perambulavam pelo deserto e produziam tapetes com lãs de carneiro.
Adrianna fez o trabalho no próprio museu, que foi acompanhado pelo público como uma performance. O resultado foi uma instalação com os 200 corações entrelaçados. “Não importa onde você nasceu, qual é a sua cultura, os corações se olham e se reconhecem”, conta a artista sobre a intenção da sua obra. “Gostei muito de fazer”, diz ela sobre o trabalho.
Como ainda não tinha tido a oportunidade de ir a um país árabe, Adrianna conta que foi um choque cultural. Ela afirma que tinha lido sobre a questão feminina. “Foi uma quebra de preconceito”, diz Adrianna, que viajou acreditando que a vestimenta das mulheres locais era tida por elas como uma obrigação. Mas não foi isso que ela percebeu. “As mulheres não se sentiam aprisionadas, não tinham um olhar de revolta, olhavam até com um certo desdém para quem não usava as mesmas roupas que elas”, conta a artista.
Adrianna acabou ficando muito próxima de uma artista árabe que mora na Jordânia desde criança, Laila Demashgieh, e o trabalho dela foi parte da exposição que a carioca fez no Museu Bispo do Rosário de Arte Contemporânea, que foi encerrada neste mês. Laila fotografou a performance de Adrianna na Galeria Nacional de Belas Artes da Jordânia e fez uma instalação com as imagens e fios de lã. A obra foi enviada por Laila para o museu que fica no Rio para a exposição. Agora Adrianna está disposta a fazer outra exposição, também em cima do trabalho desenvolvido em terras jordanianas, mas ainda não há datas ou museus previstos.
Formada pela Escola de Artes Visuais, Adrianna fez sua primeira exposição em 2005, na comemoração dos 20 anos do Paço Imperial, do Rio, e desde lá já participou de várias exposições no Brasil e exterior. Entre as mostras estiveram a Primeira Bienal Internacional de Performance, no Chile em 2006, The Bolivarian Dream – Mostra de vídeo-arte Latino Americana Contemporânea, também no Chile, Primeiro Encuentro Entre Dos Mares, em Valência, na Espanha, entre outras. Entre os prêmios recebidos está o Salão Arte Pará.


