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Abu Dhabi – Na comemoração de seu 10º aniversário, o Prêmio Príncipe Claus vai contemplar personalidades árabes, muçulmanas e do Oriente Médio, além de uma organização palestina, em reconhecimento por sua criatividade cultural e artística. O prêmio é concedido pelo Fundo Príncipe Claus para a Cultura e o Desenvolvimento, da Holanda.
O prêmio principal vai para o designer gráfico iraniano, Reza Abedini, que vai ganhar 100 mil euros em uma cerimônia no Palácio Real de Amsterdã em dezembro. Além de Abedini, uma artista afegã, uma agente cultural libanesa, uma diretora de teatro paquistanesa e uma ONG palestina vão receber outros quatro dos 10 prêmios adicionais concedidos pelo fundo, no valor de 25 mil euros cada. A entrega dos prêmios adicionais vai ocorrer nas embaixadas holandesas dos países dos contemplados, entre dezembro e janeiro.
"O prêmio celebra o magnífico design gráfico de Reza Abedini e sua habilidade individual para adaptar o conhecimento coletivo, tornando-o novo e atual. O prêmio evidencia a riqueza e a diversidade da cultura iraniana, tanto a antiga quanto a contemporânea e reconhece o impacto do design gráfico como poderoso meio de comunicação global", informa o Fundo Príncipe Claus. A organização tem como objetivo "aumentar a consciência cultural e promover um intercâmbio entre cultura e desenvolvimento e considera a cultura como necessidade básica".
A Associação Al Kamandjati, da Palestina, foi contemplada na área de educação e debate cultural. A organização começou em 2002 a promover aulas de música para crianças palestinas, principalmente as que vivem em campos de refugiados e em vilarejos marginalizados na faixa de Gaza e no Sul do Líbano. O prêmio homenageia a entidade por dar esperança às crianças palestinas. A música é uma linguagem universal que proporciona a elas uma compreensão de sua própria cultura, facilita trocas culturais e o desenvolvimento da tolerância.
"A Al Kamandjati (nome que significa "o violinista" em árabe) traz músicos do mundo todo para realizar oficinas e tocar para as crianças. Juntamente com parceiros na Europa, ela organiza concertos solidários e campanhas para angariar fundos, recebe instrumentos musicais e material escolar para levar aos campos de refugiados. Ela trabalha em meio às circunstâncias extremamente difíceis das comunidades de refugiados, desviando a energia dos jovens dos impulsos destrutivos e canalizando essa energia para a criatividade positiva, usando a música para gerar paz e criar oportunidades", diz comunicado do Fundo Príncipe Claus.
A agente cultural e curadora Christine Tohme, do Líbano, foi escolhida porque em 1994 fundou a Associação Libanesa de Artes Plásticas (Ashkal Alwan), uma organização sem fins lucrativos que promove e apóia a arte contemporânea e fornece embasamento para reflexões e teorias críticas, incentivando o pensamento livre e o discurso crítico no Líbano.
"Um aspecto importante das realizações de Christine Tohme é a criação de elos regionais e internacionais. Em 12 anos de networking enérgico e consistente, ela inseriu a arte contemporânea libanesa no cenário global. Tohme é uma das mais influentes curadoras da região, trabalhando tanto com artistas consagrados, quanto com novos talentos", diz o comunicado do fundo.
Reconhecida este ano pelo Fundo Príncipe Claus como profissional no campo das artes visuais, Lida Abdul, do Afeganistão, utiliza diversas mídias, como vídeo, cinema, fotografia, instalações e performances ao vivo para explorar questões como o "lar" e a "identidade". Lida "combate a destruição sem sentido do patrimônio cultural de seu país e destaca o papel das mulheres na sociedade". Em reconhecimento à "notável qualidade artística de seu trabalho e às suas ações políticas e sociais, este prêmio celebra a excelência artística e a criatividade corajosa de Lida Abdul. O prêmio também destaca a importância do papel feminino no contexto da reconstrução pós-guerra".
Madeeha Gauhar, do Paquistão, recebe o prêmio por seu trabalho teatral, sendo reconhecida como "excepcional atriz, diretora de teatro e ativista dos direitos femininos, fundadora do Teatro Ajoka, em 1983, e autora de obras desafiadoras e socialmente relevantes, apresentadas nas ruas e em espaços comunitários".
Brasileiros já ganharam o prêmio
O Fundo Príncipe Claus estimula e financia atividades nos campos de cultura e desenvolvimento. Entre os brasileiros que já foram premiados estão os artistas Cildo Meireles, Márcia Vaitsman e Eder Santos, o escritor Ferreira Gullar, o músico Carlinhos Brown, o coreógrafo Ivaldo Bertazzo, a arqueóloga Niède Guidon, o político Jaime Lerner, ex-prefeito de Curitiba, e a ONG Viva Rio.
*Tradução de Gabriel Pomerancblum

